LITORAL NORTE

Caso Miguel: mãe e madrasta serão julgadas a partir desta quinta-feira

Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, teria sido morto pela mãe e pela madrastra em julho de 2021.

Miguel dos Santos Rodrigues teria sido dopado e jogado no rio Tramandaí pela própria mãe. Foto: Dvulgação
Miguel dos Santos Rodrigues teria sido dopado e jogado no rio Tramandaí pela própria mãe. Foto: Dvulgação

As duas mulheres acusadas pela morte do menino Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, vão a júri popular a partir desta quinta-feira (4). O caso ocorreu em Imbé, no Litoral Norte gaúcho, em 29 de julho de 2021. Buscas foram realizadas pelo CBMRS (Corpo de Bombeiros Militar do RS), mas o corpo não foi encontrado.

Yasmin Vaz dos Santos, mãe do menino, e Bruna Nathiele Porto da Rosa, companheira dela na época dos fatos, respondem pelos crimes de tortura, homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.

O julgamento está marcado para começar às 9h acontecerá no Salão do Júri do Foro da Comarca de Tramandaí. O juiz de Direito Gilberto Pinto Fontoura, titular da 1ª Vara Criminal local, presidirá os trabalhos.

A previsão do TJ-RS (Tribunal de Justiça do RS) é que o julgamento deve durar dois dias.

Como foi o crime, de acordo com a polícia

A Polícia Civil prendeu uma mulher em flagrante delito após ela confessar que dopou e jogou o corpo do próprio filho, de 7 anos, em um rio. O caso ocorreu em Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, no dia 29 de julho de 2021. O Corpo de Bombeiros fez buscas pelo menino Miguel dos Santos Rodrigues, mas não encontrou o corpo.

A investigação apontou que Yasmin Vaz dos Santos buscou a Delegacia de Polícia para registrar o desaparecimento do filho. No entanto, quando os policiais questionaram sobre como Miguel sumiu, ela confessou o crime. Disse que dopou a criança com um antidepressivo e a colocou dentro de uma mala com rodinhas. Depois, saiu de casa, na área central de Imbé, com a companheira Bruna Nathiele Porto da Rosa, e foi até o rio Tramandaí.

No depoimento à polícia, Yasmin afirmou que tirou o corpo do menino da mala e o jogou no rio, em uma das noites mais frias do ano de 2021 no Rio Grande do Sul. Na época, ela afirmou que não sabia se o menino estaria vivo ou morto.

A mulher respondeu que ele era “teimoso” e que “se recusava a comer”. Ela confessou que já teria feito várias torturas tanto físicas quanto psicológicas contra a criança. Yasmin ainda afirmou que já tinha preparado até uma peça na casa onde viviam para acorrentar o filho com cadeados.

A prisão da companheira, Bruna Nathiele da Rosa, ocorreu alguns dias depois. A expedição do mandado ocorreu após ter a prisão temporária decretada pela Justiça. Em janeiro deste ano, a ré constituiu nova defesa após renúncia dos seus advogados.

Após depoimentos iniciais, entre julho e agosto de 2021, as rés alegam inocência e que não cometeram os crimes.

A investigação

Durante as investigações, a Polícia Civil obteve mandados para inspecionar os telefones das acusadas. Foi então que dois vídeos mostram tortura física e psicologica contra o menino. “A criança passava o dia trancada em um roupeiro e era obrigada a segurar a vontade de urinar”, afirmou o delegado Antônio Carlos Ratcz, que lidera a investigação. Conforme o delegado, ela desobedecia, era castigada. “Se ela saísse do roupeiro, ia para um poço de luz. Essa criança vivia um inferno”, constatou.

O Ministério Público afirma que o menino era alvo de agressões e violência. No entendimento do MP, o assassinato ocorreu porque as mulheres o consideravam um “empecilho” à continuidade do relacionamento.