Vinte adolescentes que cumprem medida socioeducativa nas unidades da Fundação Casa visitaram, na manhã de hoje (6), a badalada exposição Leonardo da Vinci – 500 Anos de um Gênio, em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS Experience), na capital paulista.
Muitos deles estiveram em um museu pela primeira vez, caso de Amanda*, 18 anos, da Fundação Casa Parada de Taipas. “Estou achando incrível tudo isso. É diferente. Nunca tinha visto. Estou aprendendo muita coisa sobre Leonardo da Vinci que eu não conhecia”, contou ela à Agência Brasil. “Hoje estou descobrindo outras coisas. Além de pintor, ele foi arquiteto. Muitos dos trabalhos que ele fez, influenciam muito hoje em dia como o carro”, falou.
A parte preferida de Amanda em toda a exposição foi a que mostra as escritas de Da Vinci. “Ele escrevia de trás para frente, provavelmente para esconder isso das pessoas, para as pessoas não descobrirem [o que ele escrevia]”, disse ela. Leonardo usava uma escrita em espelho, começando na parte inferior direita da página e seguindo para a parte superior, sempre da direita para a esquerda.
Separados em dois grupos, os jovens percorreram a exposição com olhos atentos e muita curiosidade, acompanhados por duas guias, que iam explicando a história de Da Vinci e suas múltiplas habilidades. Além de pintor, autor de uma das obras mais conhecidas do mundo, a Mona Lisa, Leonardo da Vinci foi também arquiteto e inventor. Ele lançou as bases para algumas das invenções mais notáveis da sociedade moderna, como o helicóptero, o automóvel, o submarino, o paraquedas e a bicicleta.
Uma das áreas que mais despertou curiosidade desses adolescentes foi a dedicada justamente à invenção. Artesãos italianos usaram as ideias concebidas por Da Vinci em seus cadernos e anotações para confeccionar muitas de suas invenções. Entre elas, peças que recriam o desejo do gênio italiano de fazer o homem voar. “A maioria dos projetos de Leonardo da Vinci estava totalmente em papel. Aí os artesãos fizeram esses objetos baseados em suas anotações”, contou uma das guias aos internos.
Fábio *, 17 anos, da Fundação Casa Ouro Preto, esteve em um museu pela segunda vez em sua vida. A primeira ele não se lembra muito bem como foi, pois era muito pequeno na ocasião. “Fui ao museu quando era criancinha e não me recordo muito”, contou ele à Agência Brasil. Essa visita ao MIS Experience, no entanto, o marcou. “Estou achando muito gratificante [estar aqui]. Estou conhecendo muita coisa. Leonardo da Vinci inventou muita coisa que eu nem sabia. Já tinha ouvido falar dele [ele cita a Mona Lisa], mas não dessas coisas que ele inventou. Gostei que ele inventou pontes”, falou. Para ele, a exposição “mostrou que o ser humano é capaz de tudo se ele se esforçar e for atrás”.
“A Fundação Casa investe muito em educação porque a educação é o instrumento maior de recuperação da pessoa humana. Além da educação formal, que segue os mesmos moldes de uma escola fora da medida socioeducativa, a gente investe também em outras áreas do conhecimento. E a arte e a cultura fazem parte disso. É recorrente a inserção dos meninos em música, teatro e eventos de artes. E o aproveitamento é muito bom porque é uma recuperação da autoestima, da capacidade de sonhar, de se considerar igual aos outros meninos que estão aqui hoje”, disse Ana Paula Bandeira Lins, vice-presidente da Fundação Casa.
Segundo ela, a escolha da exposição se deu porque ela tem despertado grande interesse nas pessoas. “E, além disso, Leonardo da Vinci foi um gênio. É mais um exemplo para os meninos de que tudo é possível, que é possível olhar adiante”, acrescentou. Além dos 20 internos que estiveram hoje visitando a exposição, outros jovens que cumprem medidas socioeducativas também terão a mesma oportunidade, a convite da exposição.
Desde o dia 2 de novembro, quando foi inaugurada, a exposição já foi visitada por mais de 90 mil pessoas. Ela está aberta até o dia 1 de março de 2020.
*nome fictício