OPERAÇÃO BEATUS

Polícia Civil combate organização do tráfico que possuía fazendas no RS

Propriedades rurais possuíam pistas de pouso. Polícia Civil diz que valor movimentado chega a R$ 1 bi em ampla rede de lavagem de dinheiro

Foto: Polícia Civil/Divulgação
Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil do RS deflagrou nesta quarta-feira (11) a Operação Beatus. O objetivo é desarticular uma ampla rede de lavagem de dinheiro pertencente a organização criminosa ligada ao narcotráfico. Até o momento, a ofensiva prendeu sete pessoas e apreendeu cinco veículos.

Além disso, estão sendo indisponibilizadas, para futuro perdimento, 15 fazendas com grande extensão no interior do RS, algumas com pista de pouso, e outros 13 imóveis de luxo na grande Porto Alegre, Serra gaúcha e Santa Catarina. Além disso, soma-se restrições e apreensões de veículos de luxo, bem como bloqueios de contas de 29 pessoas físicas e jurídicas no sistema bancário. A soma chega a 122 milhões de reais em bens/ativos.

Além disso, segundo o Delegado Adriano Nonnenmacher, titular da DRLD/Denarc, durante a investigação a organização criminosa movimentou mais de R$ 500 milhões de reais. Considerando as fases anteriores, de investigações conexas (Operação Partícipes/Consortium, deflagradas em 2023), a soma circulante pode passar de um bilhão de reais.

“Provas angariadas confirmaram que a organização atua com grande sofisticação, realizando um emaranhado doloso no sistema bancário, com centenas de transações trianguladas, fracionadas, e mediante inúmeras falsidades junto a bancos. No decorrer da análise policial financeira e telemática, percebeu-se o cuidado que tinham para não serem detectados pelos serviços de prevenção e controle dos bancos, combinando valores, transações discretas e modalidades de burlas mais eficientes para evitar apontamentos, demonstrando elevado conhecimento das rotinas de compliance/prevenção no sistema financeiro e de empresas com as quais mantinham negócios para a compra de bens em ocultação”, explica Nonnenmacher.

Polícia Civil descobre organização complexa

Além disso, a divisão de tarefas e hierarquia era como uma grande empresa. O líder determinou três gerentes financeiros e a administração e gestão dos ativos ilícitos em coautoria com demais operadores financeiros e laranjas descobertos. Dentre eles, empresários, comerciantes e profissionais liberais, alguns sem antecedentes criminais, outros já indiciados por tráfico de drogas e estelionatos. Todos eles com prisões preventivas decretadas e bens bloqueados.

“Dentre as pessoas jurídicas investigadas e algumas já com ativos bloqueados, temos revendas de veículos, supermercados e empresas de fundos/participações, serviços gerais e de saúde”, disse o Delegado Nonnenmacher.

A ação desta quarta-feira

Nesta manhã, a Polícia Civil cumpriram 48 mandados de busca e apreensão, 17 mandados de prisão preventiva, apreensão de veículos de luxo, indisponibilidade de bens imóveis e, além disso, de ativos de pessoas físicas e jurídicas no sistema bancário.

A operação cumpriu as ordens judiciais em Porto Alegre, Canoas, Alvorada, Cachoeirinha, Novo Hamburgo, Parobé, Charqueadas, Montenegro, Capão da Canoa, Imbé, Gravataí, Gramado, Palmares do Sul e regiões do oeste gaúcho. Nos demais Estados, ações investigativas ocorreram em Santa Catarina (Camboriú), Paraná (Curitiba), Tocantins (Paraíso), e Mato Grosso do Sul (Corumbá). A execução de mandados de busca e prisão no dia de hoje se deram em TO, MS e PR.

Assim, no decorrer da investigação, em relação a 34 pessoas físicas e jurídicas, 132 medidas de afastamentos de sigilos bancários, financeiros, fiscais, telemáticos foram solicitadas e analisadas. Por fim, outras 131 medidas operacionais, dentre mandados e sequestros/gravames, estão sendo executados hoje, totalizando 263 medidas/ordens judiciais.

Participações na operação

A ofensiva ocorreu por intermédio da DRLD/Denarc (Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Denarc). A ofensiva contou com apoio operacional de 200 policiais civis gaúchos e de outros quatro Estados (Deic/Denarc da Polícia Civil de Santa Catarina; Denar da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul; Deic/Denarc da Polícia Civil de Tocantins e Polícia Civil do Paraná). Além disso, apoiou a operação o GIE (Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos) durante o inquérito.