OPERAÇÃO ERGA OMNES

PF combate corrupção em leilões judiciais em Canoas

Juiz que atua na 3ª Vara do Trabalho, em Canoas, na região metropolitana, está afastado. Ele é suspeito de receber propina de leiloeiros.

Veículo da Polícia Federal em frente ao prédio da Justiça do Trabalho em Canoas, na região metropolitana. Os agentes estão de costas, em foto posada.
Crédito: Polícia Federal / Divulgação

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (10), a Operação Erga Omnes, que investiga prática dos crimes de peculato, corrupção passiva, violação de sigilo funcional e associação criminosa. Um juiz trabalhista está afastado das suas funções e dois leiloeiros presos por determinação judicial.

Conforme as investigações, o alvo é o juiz do trabalho Luiz Fernando Bonn Henzel. Ele atua na 3ª Vara do Trabalho de Canoas, na região metropolitana, e é suspeito de receber propina. Em troca, faria proteção a dois grupos de leiloeiros judiciais que fraudavam execuções trabalhistas e arrematações, além de desviarem valores depositados em hastas públicas.

A investigação policial teve como ponto de partida as conclusões de uma inspeção judicial de natureza extraordinária. A análise foi realizada pela Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho do TRT-RS (Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região).

Na manhã desta terça-feira (10), policiais federais cumpriram 10 mandados de busca e apreensão, expedidas pelo TRT-RS. Entre os locais onde houve cumprimento de mandados está a casa do juiz.

Como funcionava a fraude, conforme a PF

A investigação começou após uma inspeção judicial extraordinária realizada pela Corregedoria do TRT-4 em um órgão da Justiça do Trabalho em Canoas. Durante o inquérito, a Polícia Federal identificou dois grupos de leiloeiros judiciais responsáveis por fraudes em execuções trabalhistas.

Os envolvidos realizavam arrematações fraudulentas e se apropriavam de valores depositados em hastas públicas (venda de bens penhorados). As ações contavam com a proteção do agente público da Justiça do Trabalho, que recebia as vantagens indevidas.

Os pagamentos incluíam a quitação de despesas pessoais do servidor, como faturas de cartão de crédito, financiamentos imobiliários e despesas condominiais. Apenas entre 2022 e 2024, houve detectação de desvios de mais de R$ 1 milhão por meio de boletos bancários.

O TRT-RS emitiu nota oficial sobre o caso. Confira a íntegra.

O que diz o TRT-RS

Nota Oficial – Operação da PF na 3ª Vara do Trabalho de Canoas

O TRT-RS (Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região) esclarece sobre a operação da PF (Polícia Federal), na manhã desta terça-feira (10/12), relacionada a leilões na Justiça do Trabalho em Canoas:  

  • A investigação de possíveis irregularidades envolvendo leilões na Justiça do Trabalho de Canoas teve origem na Corregedoria do TRT-RS;  
  • O expediente na Corregedoria foi instaurado em julho de 2024 para apurar o caso;  
  • Esgotada a investigação administrativa pela Corregedoria, em setembro, todo o material analisado foi enviado para a Polícia Federal;  
  • Um juiz da Corregedoria acompanhou o cumprimento de mandados expedidos pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região);  
  • Em relação ao juiz titular afastado de suas funções na 3ª Vara do Trabalho de Canoas, o TRT-RS esclarece que um Processo Administrativo Disciplinar foi instaurado. O expediente tramita em sigilo.  

O TRT-RS reafirma seu compromisso com a lisura e a transparência na condução de suas atividades e com a apuração rigorosa de quaisquer condutas incompatíveis com os princípios éticos e legais que regem a Justiça do Trabalho.

Origem do nome da operação

O nome “Erga Omnes”, expressão latina que significa “contra todos” ou “em relação a todos”, reforça o compromisso da Polícia Federal em combater crimes de corrupção em todas as esferas e poderes.