Mais experiente entre as 24 convocadas pela técnica Pia Sundhage para uma semana de treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), a zagueira Bruna Benites avalia que a edição deste ano da Série A1 (primeira divisão) do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino é a mais forte da história do torneio. A experiente defensora, que completa 35 anos em outubro, entende que isso impacta, de forma positiva, no processo de renovação da seleção, da qual já foi capitã.
“Aos poucos, a gente vê novas atletas serem inseridas e acredito que isso se dá devido à competitividade do Campeonato Brasileiro. Acredito que elas merecem as oportunidades que estão tendo na seleção. Temos atletas de nível muito alto que também poderiam estar aqui. O processo é gradativo. A gente está envelhecendo e com essas atletas estando aqui dentro, já participando, tendo a vivência, colocando na seleção a vontade que elas têm, tudo acontece de maneira natural”, analisou a zagueira em entrevista coletiva nesta terça-feira (15).
“Acho que, quanto mais forte a competição nacional, mais aumenta o nível das jogadoras e elas chegam mais preparadas. Isso se reflete na tabela. Há uma diferença mínima de pontos do líder [Santos, com 24 pontos] para o último da zona de classificação [São Paulo, oitavo, com 14 pontos]. É um campeonato bastante equilibrado, que aumenta a responsabilidade de cada uma de nós e facilita o trabalho da Pia, pois ela tem cada vez mais atletas qualificadas para a seleção”, completou.
Devido às restrições para viagens causadas pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), além de não ter como realizar amistosos, a seleção só pôde se reunir com atletas que atuam no Brasil. Nesta terça, as jogadoras realizaram um treinamento de compactação defensiva e formação ofensiva pela manhã, com atividades físicas à tarde. A zagueira Tainara (Santos), as meias Carol (São Paulo), Duda e Vanessa (ambas do Cruzeiro) e a atacante Ary Borges (Palmeiras) foram chamadas pela primeira vez à equipe principal.
“Temos um belo futuro pela frente. Quando as atletas chegam aqui, mesmo sendo a primeira vez, não estranham tanto. Pudemos comprovar isso. Todas elas estiveram à vontade. Foi o primeiro treino e em um nível altíssimo. As novatas foram muito bem. Acho que isso será cada vez mais constante, a melhora da intensidade do jogo no Brasil e, consequentemente, a gente melhora o nível da seleção brasileira também”, disse Bruna, que defende o Internacional e esteve nas Olimpíadas de Londres e do Rio de Janeiro.
Além das revelações, a edição deste ano da competição nacional foi reforçada por atletas que estavam no exterior. O Corinthians, por exemplo, repatriou a meia Andressinha no início do ano. O Santos trouxe de volta a zagueira Tayla, que estava em Portugal, enquanto a Ferroviária acertou o retorno da atacante Chú. Durante a paralisação, o Palmeiras teve o adeus da atacante Bia Zaneratto (que havia sido emprestada pelo Wuhan Xinjiyuan, da China, e precisou retornar), mas compensou com a chegada da meia Camilinha.
“Estou muito contente de a liga brasileira estar tão competitiva e de outras meninas também terem retornado para dar essa força e qualidade para nosso campeonato, que pode ser um dos melhores do mundo. Aqui no Brasil, tive a oportunidade de conhecer muitas atletas jovens, porém muito talentosas. Acredito que a Pia também esteja feliz com a oportunidade de observar todo mundo”, finalizou Tayla, também convocada para os treinos na Granja Comary, em entrevista coletiva na última segunda-feira (14).