REGIÃO SUL

Agente penitenciário é preso em investigação contra quadrilha em Rio Grande

Segundo investigação, grupo é um braço da facção criminosa que dominava por coação o comércio de botijões de gás em Rio Grande.

Foto: Marcelo Kervalt / MP-RS

O MP-RS (Ministério Público do Rio Grande do Sul, desencadeou nesta quarta-feira (5), a segunda fase da Operação PERG. A ofensiva tem como alvo uma organização criminosa sediada em Rio Grande, no Sul do Estado, voltada ao cometimento dos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A ação de hoje ocorre dentro da PERG (Penitenciária Estadual de Rio Grande), onde os investigados levavam celulares e drogas para dentro da casa prisional.

Um agente penitenciário, que já foi diretor da PERG, é investigado por levar os ilícitos para dentro do presídio. Ele foi foi preso preventivamente durante o expediente.

Um segundo mandado de prisão foi cumprido contra um detento que já estava recolhido na PERG. Ele foi identificado como responsável por fazer os contatos e pagamentos aos agentes penitenciários que levavam materiais ilícitos para dentro da casa prisional. Somente entre julho e novembro de 2022, o apenado movimentou R$ 545 mil em uma de suas contas bancárias.

“Este preso arregimentava os agentes penitenciários e os colocava em contato com pessoas fora da cadeia. Em local determinado, geralmente no Cassino ou no Centro de Rio Grande, um membro do grupo em liberdade entregava para o agente materiais ilícitos, como drogas e celulares, dentro de pacotes”, afirma o promotor de Justiça Rogério Meirelles Caldas.

“O policial penal, então, levava para dentro da PERG. Depois, o apenado pagava o agente com dinheiro em espécie ou por PIX. Entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2023, o ex-diretor da penitenciária movimentou em suas contas mais de R$ 7 milhões, o que é completamente incompatível com sua condição de servidor público sem outra fonte de renda lícita declarada”, destaca Caldas.

Segundo a investigação, entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2023, o agente preso na operação recebeu de visitantes e apenados R$ 391 mil e utilizou sempre o mesmo caixa eletrônico para depositar para si R$ 379 mil em dinheiro vivo. Essas movimentações na boca do caixa foram feitas durante o horário de trabalho ou logo após ele sair da penitenciária, após o expediente.

A mulher do agente foi presa em flagrante por posse irregular de munição. Ao todo, além das três prisões, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em Pelotas, Canoas e Rio Grande, onde dois veículos e um imóvel de luxo foram sequestrados. Foram apreendidos mais de R$ 60 mil em dinheiro sem comprovação de origem, drogas, computadores, armas de fogo, munições, documentos e celulares.

O grupo é um braço da facção que dominava o comércio de botijões de gás em Rio Grande. A quadrilha principal foi desbaratada em uma ação realizada na semana passada, onde seis criminosos foram presos, dentre eles dois policiais militares.

A ofensiva de hoje foi conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e tem apoio da Brigada Militar e da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários). A Delegacia de Polícia contra a Lavagem de Dinheiro de Porto Alegre, da Polícia Civil, também fez parte da operação.