Após duas mortes, polícia fecha clínica geriátrica clandestina em Porto Alegre

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga duas mortes que ocorreram na zona Sul de Porto Alegre. Conforme a instituição, as vítimas estavam em uma clínica geriátrica clandestina. Há suspeita de maus-tratos e de falta de condições mínimas para o atendimento dos pacientes no local.

Dezoito internos foram transferidos para hospitais, com apoio do Samu e Guarda Municipal. A ação de retirada de idosos e pacientes psiquiátricos ocorreu durante a tarde desta quarta-feira.

A clínica clandestina ficava na Rua Engenheiro Porto, no bairro Ipanema. Conforme o secretário municipal de Segurança Pública, Rafael Oliveira, a casa não apresentava condições mínimas de acolher os idosos. “O cheiro é horrível. Não há uma higiene mínima para que essas pessoas possam viver com asseio e saúde. Os pacientes estavam no meio de fezes e urina, alguns deles amarrados à cama e em situações gravíssimas de saúde, sequer condição técnica sequer de receber alimentação. Isso aqui é a antessala do cemitério, e não pode continuar aberto”, afirmou.

Durante o fim de semana, idosos foram encontrados em situação de abandono após a realização de uma denúncia. A BM esteve no local e comprovou a informação. A Polícia Civil, através da Delegacia do Idoso, foi acionada.

Durante uma averiguação, idosos foram encontrados em condições degradantes. Muitos estavam sem comer. Eles também eram mantidos no mesmo espaço que pacientes psiquiátricos.

Um dos proprietários da clínica clandestina, de 26 anos, foi preso na tarde desta quarta-feira. Na madrugada desta quarta-feira, a Polícia Civil já havia cumprido mandado de busca e apreensão na clínica. Documentos e provas que pudessem corroborar as suspeitas foram apreendidos.

Pelos registros da Prefeitura de Porto Alegre, existem em Porto Alegre 141 estabelecimentos autorizados a atuar como clínicas geriátricas regulares.

Duas mortes em 72 horas

Conforme a Polícia Civil, a primeira morte a ser registrada foi de uma idosa, de 68 anos, na madrugada de sábado para domingo. Ela havia sido retirada da clínica por uma das proprietárias e hospitalizada.

Na tarde de ontem (8), quando a delegada Cristiane Ramos fazia oitiva de testemunhas, foi surpreendida pela informação que outro paciente também morreu. A informação chegou à delegacia por meio de parentes do homem.

Conforme a delegada, a família da vítima ficou sabendo dos problemas da clínica e, ao tentar retirar ele do local, foi informada que o homem tinha sido hospitalizado. Quando uma irmã buscou saber o estado de saúde dele, recebeu a notícia da Assistência Social do hospital que o homem havia morrido.

Ainda abalada, a família comunicou o caso à Polícia Civil.

De acordo com a delegada Cristiane, ambos pacientes não tinham sinais visíveis de violência. No entanto, uma perícia foi solicitada para identificar as causas exatas das mortes. Quando as mortes são consideradas naturais não há realização de necropsia.