O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, inaugurou hoje (19), no espaço da Exposição Principal, o totem interativo Baías de Todos Nós, que traz informações e imagens sobre a Baía de Guanabara (RJ) e também sobre as baías de Sydney, na Austrália; de Tóquio, no Japão; de Chesapeake, nos Estados Unidos; e de Jacarta na Indonésia.
O próprio museu está localizado às margens da Baía de Guanabara e, segundo o gerente de Conteúdo e Exposições do Museu do Amanhã, Leonardo Menezes, sempre houve o interesse de ter conteúdos na Exposição Principal que pudessem falar sobre a baía e os desafios que ela enfrenta.
“Não existe um espaço na cidade em que as pessoas possam ir em caráter permanente ou frequente para debater a Baía de Guanabara, que abrange 16 cidades ao redor e que tem rios que drenam para a baía”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Menezes fez um paralelo da despoluição da baía com a redução dos casos de doença provocados pela sujeira da região. “Impactos que poderia ter numa futura despoluição, quantos leitos hospitalares, por exemplo, a gente poderia economizar decorrentes de doenças envolvidas com a poluição da Baía de Guanabara”, disse.
Mostrar realidade
A intenção do totem interativo é mostrar a realidade das cinco baías, destacando aspectos de biodiversidade, economia, aquicultura, pesca, situação de saneamento e ações de despoluição adotadas em cada uma. A iniciativa é apresentada pelo Ministério da Cultura e Instituto CCR, por meio da Lei Rouanet.
“[A obra] também mostra que outras baías no mundo passam por desafios similares [que a Baía da Guanabara] ou conseguiram, por meio de projetos de despoluição de longo prazo, recuperar a qualidade da água”, disse.
O totem tem três telas interativas, dedicadas ao conteúdo de cada uma das cinco baías retratadas, e outra com fotos e notícias sobre o tema, com ênfase sobre a da Guanabara, em parceria com o Projeto Colabora e o site de notícias G1.
Fotos
A obra também tem um caráter interativo e quem quiser pode participar enviando fotos de denúncia ou imagens positivas por meio do aplicativo Colab com a identificação #baiasdetodosnos, no Instagram.
Parceiro da experiência Baías de Todos Nós, o Colab é reconhecido pela inovação para a gestão pública com foco em participação e engajamento cidadão. O aplicativo foi eleito como a melhor ferramenta urbana do mundo pela New Cities Foundation. Atualmente, o Colab atua nos municípios de Recife, Teresina, Maceió, Niterói, Contagem, além de cooperações técnicas com outras cidades.
Para o cofundador e diretor do Colab, Paulo Pandolfi, o aplicativo reforça a participação dos cidadãos. “Ficamos muito felizes com essa parceria, porque precisamos fazer com que todos entendam que a preservação das nossas baías é de responsabilidade compartilhada”.
Boto-cinza
A nova atração também permite, por meio de um jogo, que os visitantes tenham mais informações sobre o Boto-Cinza, animal estampado no brasão da cidade do Rio de Janeiro e espécie símbolo da Baía de Guanabara, mas que praticamente desapareceu da baía. Da população de mais de mil indivíduos na década de 1970, hoje restam pouco mais de 20 golfinhos.
“É onde tanto crianças quanto adultos podem se divertir levando um boto-cinza ao longo da Baía de Guanabara, passando por diversos desafios e desviando de vários obstáculos, como uma rede de pesca, uma plataforma de petróleo, um curral de peixes, até encontrar um grupo de golfinhos que mora no fundo da Baía”, disse o gerente de Conteúdo e Exposições do Museu do Amanhã.
Tecnologia
Na visão de Menezes, o mundo atualmente está mais conectado a suportes touch com pessoas acessando sempre os celulares, tablets e computadores, o que leva o conhecimento a convergir cada vez mais para o digital. Em lugares como o Museu do Amanhã, que tem muito suporte tecnológico, ele é utilizado como forma de acesso ao conteúdo e isso atrai mais o visitante. “A gente cria narrativas que engaja o visitante e faz com que ele se sinta protagonista e até responsável por ações que poderiam melhorar as condições da nossa Baía”, disse.
Menezes diz que, ao deixar o museu após ter recebido grande quantidade de informações, o visitante vê em volta a Baía e faz uma nova conexão. “Conhecendo um pouco mais sobre a história da Baía e os obstáculos e desafios que ela está vivenciando hoje e os impactos do futuro, ao sair do museu [o visitante] já se depara com ela. Não basta só saber o que está acontecendo. Aquilo tem que ressoar na sua vida de alguma forma”.