A emoção tomou conta de todos os funcionários do Museu Nacional, que hoje (3) chegavam à Quinta da Boa Vista. Muitos se abraçavam e não conseguiam conter o choro.
“É muito triste ver tudo isto. Vinha aqui desde pequeno e o meu sonho era trabalhar aqui”, disse o biólogo e geólogo Leonardo Oliveira, que foi para a Quinta assim que viu o incêndio pela televisão.
Quem também passou a noite no museu foi Claudine Borges Leite, 53 anos, e há 24 secretária da área de pesquisa em geologia e paleontologia. Ela conta que viu gente sair com computadores e alguma coisa de acervo.
Claudine resume um pouco o sentimento de todos. “Por enquanto, a gente está chorando. Esta é a nossa casa. Isto não vai ficar assim”, resumiu.
A relação com o museu também fazia parte da vida de Itatiana Macedo Oliveira, que trabalhava no arquivo administrativo há 31 anos. “Nasci neste bairro, vinha aqui desde criança e sempre sonhei em trabalhar aqui”, contou.
Ela conseguiu entrar na sala em que trabalhava, que ficava ao lado da entrada dos funcionários, mas tudo o que viu se resume a cinzas. “A gente sempre tem uma esperança, mas estava tudo destruído”, disse.
Esperança
Esperança é o resta para a paleontólaga Luciana Carvalho. Ela vai passar todo o dia na porta do museu, esperando que os bombeiros liberam a entrada de funcionários.
Ela espera que alguns armários compactadores que protegiam as coleções do seu departamento tenham resistido ao fogo.
A ala africana foi toda destruída. Segundo a curadora Mariza Soares, o fogo consumiu tudo.
“Eram as peças mais valiosas da coleção africana que nós tínhamos. Coisas que não têm em nenhum outro museu do mundo”.
Parte desta coleção chegou como presente a dom João VI, em 1810. “Perdeu-se tanto o que estava na exposição como o que estava na reserva técnica”, finalizou.