Notícia

El Niño vai provocar calor, chuva acima da média e temporais no RS no início de 2024

Crédito: Fernando Dias/Seapi

O fenômeno El Niño vai perder força, mas vai seguir influenciando o tempo no Rio Grande do Sul no início de 2024. São esperados novos eventos de calor intenso, além de chuvas irregulares em janeiro e fevereiro. A partir de março, as precipitações devem ficar mais constantes.

Os dados estão no Boletim trimestral do Copaaergs (Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul), coordenado pela Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

O informe é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 13 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período (veja mais abaixo).

De acordo com o boletim, a maioria das regiões gaúchas terão chuvas irregulares, com tendência a ficarem próximas da média ou ligeiramente acima da média entre janeiro e março. No Oeste, na fronteira entre o Uruguai e Argentina, a precipitação acumulada deve ficar acima da média.

Apesar da tendência do El Niño perder força, eventos climáticos severos como tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo ainda podem ocorrer no RS.

As temperaturas devem ficar acima da média, especialmente na Metade Norte do Rio Grande do Sul. Nesse período, o ar quente e úmido será uma constante, o que leva a condições de abafamento.

Já no mês de março, com retorno das chuvas mais abrangentes e passagem de frentes frias, a tendência é de temperaturas um pouco abaixo da média, especialmente no Sul do Estado.

Agricultores precisam tomar medidas para proteger a lavoura

O boletim da Copaaergs aponta uma série de orientações técnicas para as culturas do período. Leia as orientações:

Arroz

  • Intensificar o sistema de drenagem das áreas de lavoura, desobstruindo drenos, bueiros e vertedouros de barragens;
  • Efetuar a semeadura dentro do período recomendado pelo Zoneamento Agroclimático;
  • Iniciar a irrigação definitiva quando as plantas estiverem no estádio de 3 a 4 folhas, fazendo a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura, preferencialmente em solo seco, antes da entrada de água;
  • Atentar para a possível ocorrência de baixa luminosidade, que reduz a resposta da cultura à adubação nitrogenada;
  • Ter cuidados especiais com o possível aumento na incidência de doenças, devido às prováveis condições meteorológicas favoráveis à sua ocorrência.

Culturas de primavera-verão

  • Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação sempre respeitando o zoneamento agrícola e calendário de semeadura;
  • Para cultura da soja, em semeaduras tardias deve-se utilizar cultivares de ciclo médio e tardio;
  • Preparar a semeadura da safrinha de forma escalonada;
  • Monitorar a lavoura quanto à ocorrência de doenças, em função do prognóstico de chuvas acima da média;
  • Atentar para o controle de pragas no milho, especialmente a cigarrinha.

Hortaliças

  • Considerando a possibilidade de chuvas acima da média, ter cuidado com excesso de umidade do solo, utilizando sistemas de drenagem, uso de camalhões;
  • Quando necessário irrigar, proceder pela manhã, dando preferência à irrigação por gotejamento;
  • Para cultivos em ambiente protegido (túneis e estufas), realizar o fechamento ao final do dia e proceder à abertura pela manhã o mais cedo possível, evitando aumento excessivo da temperatura do ar no ambiente interno dos abrigos;
  • Dar ênfase ao monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo;
  • Atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, especialmente em ambientes protegidos, garantindo maior transparência das coberturas com limpeza adequada, retirada de malhas de sombreamento.

Fruticultura

  • Muita atenção ao manejo fitossanitário, com o monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar e/ou no solo;
  • Pelas condições que favorecem maior pressão de doenças, é importante realizar a rotação de produtos nos tratamentos fitossanitários, visando minimizar os riscos de resistência dos patógenos, garantindo maior eficiência do manejo;
  • Preservar a cobertura verde nos pomares, por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, especialmente para proteção do solo, evitando a erosão e perdas de solo e nutrientes;
  • Se possível, investir em sistemas de proteção antigranizo para áreas novas e, em caso de ocorrência de danos por granizo, recomenda-se procurar a assistência técnica para análise e ajuste adequado de manejo;
  • Em relação a áreas protegidas de uva de mesa, atentar para a possibilidade de baixa disponibilidade de radiação, garantindo maior transparência das coberturas com limpeza adequada.

Pastagens

  • No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais adequada;
  • Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio;
  • Em virtude do prognóstico de chuvas acima da média climatológica, atentar para as instalações e o entorno para evitar formação de barro, o que pode ocasionar problemas de casco, especialmente em vacas de leite;
  • Devido ao prognóstico de temperaturas do ar acima da média climatológica, principalmente na metade norte do estado, o produtor deve ficar atento, pois pode acarretar estresse térmico aos animais, principalmente para vacas de alta produção de leite.