O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende desembolsar, este ano, R$ 15 bilhões para o setor de energia elétrica como um todo. A informação foi dada à Agência Brasil pela superintendente da Área de Energia do banco, Carla Primavera. Os projetos englobam grandes complexos produtores, grandes linhas de transmissão, planos de investimento de distribuidoras.
Carla disse que a energia eólica (gerada pelos ventos) é um destaque na carteira do BNDES de apoio a energias renováveis. No ano passado, o banco desembolsou para o setor o recorde de R$ 7 bilhões. Esse valor acompanha as contratações realizadas por intermédio dos leilões de energia, lembrou a superintendente. “Como a energia eólica veio em uma crescente contratação nesses leilões, para vender energia para as distribuidoras, a nossa carteira acompanhou esse crescimento”.
Somente nos três primeiros meses de 2018, as liberações efetuadas pelo BNDES para o segmento eólico atingiram R$ 1,7 bilhão. No momento, o banco tem sete projetos de complexos eólicos enquadrados e em análise, que envolvem crédito de R$ 3,27 bilhões e representam investimento total de R$ 6,23 bilhões.
Os 100 complexos eólicos aprovados para financiamento pelo banco, desde 2005, receberam um total de R$ 35,8 bilhões e alavancaram investimentos no montante de R$ 61,6 bilhões.
Competitividade
O primeiro projeto eólico desenvolvido no Brasil foi na região de Osório, no Rio Grande do Sul, e recebeu empréstimo do banco no valor de R$ 465 milhões, dentro do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Esse projeto abrange três parques eólicos, com capacidade de geração de energia renovável de 150 megawatts (MW). O crédito do BNDES correspondeu a 69% do valor total do projeto. “Desde esse projeto, que nós estruturamos, até hoje nós já financiamos quase 13 gigawatts (GW) de energia eólica no Brasil”, disse Carla Primavera.
O que se observa, disse a superintendente, é que energia eólica foi a mais competitiva nos dois últimos leilões de energia. “A gente entende que ela já cresceu muito no Brasil e tem um potencial de crescimento muito grande ainda”.
O gerente Setorial de Energia Elétrica do banco, Alexandre Siciliano, disse que a energia eólica ainda tem um caminho a percorrer até ser a segunda fonte da matriz energética, uma vez que a termelétrica convencional tem mais de 20%. “Mas o crescimento é acelerado”, disse Siciliano, que aposta que no prazo de dois a três anos, a eólica atingirá essa meta.
Atualmente, a participação da energia eólica na matriz energética brasileira é de 8%, com 13,14 GW.
Carteira internacional
Carla Primavera informou que a carteira eólica do banco lastreou várias captações internacionais. Uma delas foi a emissão de green bonds, os chamados títulos verdes, na Bolsa de Luxemburgo, que captou US$ 1 bilhão em dólares norte-americanos, no ano passado.
“O BNDES foi a primeira instituição financeira brasileira a fazer essa emissão no mercado internacional e teve cinco vezes de demanda o que ele ofertou no mercado. Nós tivemos US$ 5 bilhões de demanda pelo título e emitimos US$ 1 bilhão”, disse a superintendente do BNDES.
Desafio
Segundo Carla, o grande desafio para o segmento de energia eólica é desenvolver projetos no mercado livre. Como a demanda de energia hoje é limitada pela demanda das distribuidoras, dos leilões do ambiente regulado, “você tem uma limitação de contratação de energia de acordo com a demanda das distribuidoras”. Por isso, afirmou que o desafio do setor, dos financiadores e demais partes interessadas, é viabilizar o crescimento da matriz elétrica e o investimento no setor eólico através do mercado livre de energia.
No início deste ano, o BNDES anunciou nova forma de apoio a esse segmento de energia baseado em estimativa de preço de energia no mercado livre para estimular investimentos em energias renováveis. “Esse é o desafio que o setor precisa enfrentar para o crescimento na matriz, nos próximos anos”.
O BNDES construiu uma agenda de desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria de aerogeradores, incluindo empresas estrangeiras que se instalaram no país. Mais de seis fornecedores de aerogeradores foram credenciados pelo banco, além de toda a cadeia relacionada. “A gente entende que foi um caso de sucesso a instalação da cadeia no Brasil”. Carla acrescentou que o banco está atento à evolução tecnológica que acontece no setor eólico.