Cotidiano

Assinado acordo de transferência do edifício A Noite para a União

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, do Ministério da Economia (SPU/ME), assinaram hoje (16) o acordo de transferência do Edifício A Noite para a União. Com a transferência, a SPU poderá vender o edifício, um dos marcos da arquitetura art déco no Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro informou, no último dia 7, que o leilão do histórico edifício deve ser realizado em agosto ou setembro, em evento virtual. Localizado na Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro, o prédio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2013, está avaliado em cerca de R$ 90 milhões.

Segundo o secretário de Patrimônio da União, Fernando Bispo, o leilão vai desonerar o governo de um custo alto em um momento em que as instituições federais estão buscando eficiência com a racionalização do espaço, do uso e dos gastos públicos. “A sociedade do Rio de Janeiro vai ganhar com o desinvestimento desse prédio. Geraremos aqui emprego, uma oportunidade para o centro do Rio em um lugar estratégico”, afirmou na cerimônia realizada na sede do INPI.

“Aos 50 anos da autarquia, estamos dando um passo extraordinário para a cidade do Rio de Janeiro, em um momento novo na gestão do patrimônio público representado por prédios de diversas instituições em um programa extremamente ambicioso e muito bem concebido”, disse o presidente do INPI, Cláudio Vilar Furtado.

O edifício

Inaugurado em 1929, o edifício, de 22 andares e 102 metros de altura, tem projeto do arquiteto francês Joseph Gire, também criador do Hotel Copacabana Palace, e do brasileiro Elisário Bahiana. Foi o primeiro arranha-céu da América Latina e o primeiro mirante do Rio de Janeiro.

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ocupava quatro dos 22 andares e foi o último órgão público a deixar as instalações, em 2012. O prédio abrigou a pioneira Rádio Nacional desde a sua criação, em 1936. O nome A Noite é uma referência ao jornal homônimo que teve sede no local.

Durante a Era do Rádio, nos anos 1940 e 1950, a Rádio Nacional transmitia para todo o país notícias, músicas e novelas. Celebridades da época, como Dolores Duran, Cauby Peixoto, Emilinha Borba e Marlene Alves, atraíam multidões para os shows de auditório.

Os demais andares eram ocupados pelo INPI. O prédio também já abrigou consulados. Para o Ministério da Economia, o edifício, que tem vista panorâmica da Baía de Guanabara, tem potencial para diversos usos, como um grande hotel, ou até a adaptação para uso residencial. A fachada e a escadaria em caracol deverão ser preservadas em razão de seu tombamento.