Escola de Aplicação Feevale completa 30 anos

A Escola de Aplicação Feevale está completando três décadas com destaque por desenvolver uma proposta pedagógica diferenciada das demais instituições do Vale do Sinos.

Há um olhar visionário pautando a sua trajetória desde a criação, que ocorreu a partir de demandas das indústrias da região e depois fruto de um movimento entre os pais da comunidade de Novo Hamburgo e da região.

Em um evento no dia 14, o presidente da Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur), Roberto Cardoso, salientou que “a escola é um espaço diferenciado de ensino, preparada para o século 21”.

A professora Janine Vieira, que assumiu a direção em janeiro deste ano, comentou alguns planos, entre eles a realização de encontros com os pais para discutir e refletir questões que acontecem em casa e o aprofundamento da relação com universidades da Finlândia que mantêm convênios com a Feevale. A diretora apresentou a nova identidade visual da escola.

Um dos momentos mais emotivos da cerimônia ocorreu quando Gecy Maria Fritsch Klauck, mãe de Maíra Klauck, que se formou na escola em 2013, fez um depoimento sobre os dez anos que sua filha permaneceu na instituição. Após tentar matricular a filha, que tem síndrome de Down, em mais de 30 escolas, conseguiu vaga apenas em outro município. Quando a então diretora da Escola Feevale soube da situação, ofereceu uma vaga. “Aqui não existe escolhas, todos são diferentes”, reconheceu Gecy.

O reitor da Feevale, Cleber Prodanov, lembrou que a escola tem uma trajetória curta, mas ao mesmo tempo longa, intensa, e destacou a importância de se comemorar o aniversário com amigos e a comunidade. “Amamos a diferença, a diversidade, a educação”, disse.

Escola inovadora

Um importante diferencial da escola é o fato de ela estar inserida no contexto da Universidade Feevale, que neste ano completa meio século. “Sendo uma escola inovadora, ousamos currículos diferentes e novas metodologias”, afirma Janine.

Os cerca de 750 alunos usufruem da estrutura física, dos recursos humanos e materiais e das propostas de ensino da universidade. São ambientes vivos, modernos, com tecnologia de ponta, que atendem às necessidades dos alunos do século 21. Laboratórios, ateliers, bibliotecas, museu, pinacoteca e espaços ao ar livre, entre eles campo, mata e horta, fazem parte da vida do estudante desde o início de sua trajetória. Outro elemento de destaque, com influência imediata na visão pedagógica da escola, é o seu espelhamento para com a educação de maior referência do mundo: a da Finlândia.

Algumas das principais características da Escola de Aplicação Feevale são a organização do ensino por ciclos de formação, o caráter inclusivo e a abordagem das habilidades e competências através de metodologias ativas e colaborativas. A escola conta com turmas de Educação Infantil, de Ensino Fundamental, de Ensino Médio e cursos técnicos (Técnico em Informática para Internet e Técnico em Publicidade).

Aprendizagem

A aprendizagem ocorre por meio de resolução de problemas durante as aulas diretas, workshops, pesquisas e projetos acordados com os estudantes. O currículo é organizado a partir da Base Nacional Comum Curricular e “proposto de forma diferenciada, a partir de vivências e experimentações”, salienta Janine.

O planejamento ocorre para além das áreas, de maneira que professores de formações distintas compartilham as mesmas atividades em salas e espaços que apresentam diferentes configurações e propósitos. O aluno transita por ambientes variados, o que contribui para o aprendizado.

A Educação Infantil e as etapas iniciais do Ensino Fundamental ocorrem nos turnos da manhã e da tarde com um professor de referência. A partir do 3º ciclo, as turmas contam com professores de diferentes áreas em uma perspectiva interdisciplinar. Um docente é responsável pela mentoria de grupos de alunos e se reúne para planejar, organizar e acompanhar as atividades. Isso permite que haja um olhar personalizado e que seja valorizada a bagagem do aluno, pois cada um possui um jeito e um tempo diferente para aprender.

Os materiais são preparados com diversas fontes de pesquisa, a partir das necessidades e habilidades a serem desenvolvidas. Conforme o professor Claiton de Oliveira Pokorski, os professores propõem e mediam, e os alunos agem, vivem, experimentam e sentem porque são sujeitos ativos e criativos. A arte, o lúdico, a criatividade, o encantar-se – tudo isso faz parte e é estimulado em todas as atividades. “O planejamento de hoje não pode ser o mesmo do ano passado, precisa ser atualizado e ressignificado”, explica Pokorski.

Autogestão

Há estímulos para que o aluno desenvolva autogestão e criatividade e para que todos sejam incluídos. “Para criar autonomia, é preciso espaço e experiência”, ressalta Pokorski.

A inclusão é uma política permanente na escola. Alunos com necessidades educacionais especiais são inseridos em turmas regulares e integrados a todos os processos.

Finlândia

Nos últimos 13 anos, a Feevale mantém uma intensa relação com universidades da Finlândia, traduzida em pesquisa e aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem.

O foco incide em avanços dos projetos educacionais e em práticas inovadoras, prevendo a preparação de professores para que possam adotar metodologias e tecnologias de trabalho das instituições finlandesas.

Conforme Prodanov, a parceria com a Finlândia é para mudar o conceito da questão do ensino na Feevale em todos os níveis, incluindo a escola de aplicação, tendo no centro do processo o aluno e sua relação com o professor.

No Brasil, a Feevale foi pioneira no relacionamento com universidades da Finlândia: em 2006 com a Häme University of Applied Sciences (Hamk) e, em 2008, com a Universidade de Tampere. A intensificação da relação entre essas instituições originou em 2016 um acordo trilateral, Beyond: Alliance for Knowledge (BAK). O principal objetivo desta aliança é ampliar ações para educação internacional.

Internacionalização e empreendedorismo

Em uma escola que vive o século 21, a sala de aula é o mundo, pois não há fronteiras para o conhecimento de diferentes culturas e realidades. Por conta dessa perspectiva, o aprendizado de inglês e espanhol ocorre em todas os ciclos, o que potencializa a comunicação internacional através do estudo de línguas estrangeiras. Os estudantes também são estimulados a terem experiências em outros países. Para que a inovação seja uma prerrogativa dos alunos, a escola propõe, em parceria com a universidade, eventos que promovem o empreendedorismo de maneira pedagógica e desafiadora, entre eles o Startup Teens.

A pró-reitora de Ensino da Feevale, Angelita Renck Gerhardt, afirma que incentivar os alunos a pensar soluções para problemas mundiais ou da sua rua ou cidade, assim como a buscar novos repertórios de conhecimentos, habilidades e atitudes, permitirá o desenvolvimento de competências que serão exigidas dos futuros profissionais. “Não formamos um estudante para o contexto atual, apenas, mas para aquele que encontrará em cinco, dez ou 15 anos”, salienta. “Buscamos, com as famílias, educar sujeitos capazes de criar, inovar e evoluir.”