O dramaturgo e diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, mais conhecido como Zé Celso, morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos. Ele estava internado na UTI no Hospital das Clínicas, em São Paulo, desde que um incêndio atingiu seu apartamento, localizado na zona sul da cidade. Ainda não há informações sobre sepultamento.
Segundo o Jornal O Globo, Zé Celso teve piora em seu estado de saúde na quarta-feira (5), quando o dramaturgo passou a ter quadro de insuficiência renal. Antes, ele havia sido entubado já na ambulância que o resgatou em sua residência, de onde já saiu com diversas queimaduras. Zé Celso acabou por ter 53% do corpo queimado, além de inalar fumaça.
O fogo teria começado na madrugada de terça-feira (4) após um aquecedor apresentar problema. Zé Celso morava no mesmo prédio, porém em apartamentos diferentes, de seu marido, o ator Marcelo Drummond, de 60 anos. Ele também chegou a ser internado.
Nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, Zé Celso foi uma referência para a dramaturgia brasileira. Optou pela carreira no teatro após cursar direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Seu projeto mais conhecido foi o Teatro Oficina, surgido no final dos anos 50. Localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo, a iniciativa fomentou de forma intensa a produção cultural, inclusive de momentos históricos, como do tropicalismo. Após uma parada na pandemia, as atividades foram retomadas até os dias de hoje.
Ditadura
Assim como o caso do apartamento, Zé Celso viveu um incêndio no Teatro Oficina em 1966, que destruiu o local. À época, diversos artistas se reuniram para reerguer o prédio. Era época de ditadura militar, e o projeto de Zé Celso exercia forte papel crítico.
O apogeu veio justamente na primeira peça após o incêndio do Teatro Oficina, “O Rei da Vela”, de 1967. No ano seguinte veio Roda Viva, de Chico Buarque, também com provocações à Ditadura. O envolvimento com as temáticas políticas, levou Zé Celso a ser preso e posteriormente torturado pelos militares.
Após a soltura, Zé Celso foi exilado para Portugal. O retorno para o Brasil ocorreu só em 1978. Pelas violações de direito que sofreu, o dramaturgo foi anistiado em 2010 pelo Ministério da Justiça. Desde então passou a receber pensão vitalícia do Estado brasileiro.
