Cientistas gaúchos desenvolvem teste laboratorial inovador para a covid-19

Um grupo de cientistas gaúchos desenvolveu um teste laboratorial inovador capaz identificar e quantificar a presença de anticorpos tipo IgG, contra a proteína S, que é responsável pela entrada do coronavírus nas células.

O grupo é coordenado pelo médico e doutor em Biotecnologia Fernando Kreutz. Este teste permite saber quem já esteve em contato com o vírus, e se desenvolveu imunidade ao mesmo.

Segundo os estudos, pacientes que apresentam estes anticorpos, podem apresentar imunidade contra a doença, e desta forma eles não desenvolveriam ou transmitiriam a mesma.

A inovação pode mudar o paradigma de enfrentamento à pandemia e dar esperança à população, criando uma nova perspectiva para lidar com a crise, uma vez que identificaria quem poderia retomar suas atividades.

Inicialmente, o teste utilizou a proteína S viral importada. Mas graças a parceria com o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da COPPE/UFRJ foi possível substituir o material importado pela proteína S produzida no Brasil.

Desta forma, está sendo possível a produção nacional de todos os insumos necessários para a produção dos testes em grande escala. O teste já foi validado e estará disponível a partir desta semana em laboratórios da Região Sul do Brasil, podendo muito em breve ser ampliado para as demais regiões do Brasil.

“Sabe-se que de 80 a 85% das pessoas infectadas com a covid-19 são assintomáticas ou manifestam apenas sintomas leves da doença. A resposta imunológica é bastante variável e complexa, podendo levar mais de quatro semanas para ocorrer. Para garantir imunidade à covi-19, é preciso que as pessoas tenham contato com o vírus, desencadeando esta resposta, e desta forma o paciente produziria anticorpos que poderiam bloquear a infecção viral. Uma das formas de caracterizar esta resposta seria identificar estes anticorpos contra a proteína Spike (S)”, explica Kreutz.

Como funciona

O teste é realizado a partir de uma amostra de sangue, analisada em laboratório, determinando e quantificando a presença destes anticorpos que reagem contra a proteína S.

“Este fator é extremamente importante, visto que a maioria dos testes imunológicos disponíveis hoje no mercado não quantificam o nível de anticorpos contra a proteína S, nem avaliam a possibilidade de imunidade contra o vírus”, destaca Kreutz.

O médico Alberto Stein afirma que o teste quando foi realizado em familiares de pacientes, que foram acometidos pela doença, evidenciou em alguns destes familiares níveis elevados de anticorpos contra a proteína S, muito parecidos aos níveis daqueles que tiveram a doença. O que indicaria que estes familiares desenvolveram imunidade contra o vírus.

O teste leva cerca de duas horas para ser realizado e o resultado fica pronto em até seis horas.