Cotidiano

Trump critica Arábia Saudita por "encobrimento" da morte de jornalista

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta terça-feira (23) a Arábia Saudita por considerar que o país orquestrou um "encobrimento" da morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, e disse que deixará "nas mãos do Congresso" a possí...

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta terça-feira (23) a Arábia Saudita por considerar que o país orquestrou um “encobrimento” da morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, e disse que deixará “nas mãos do Congresso” a possível resposta americana ao episódio.

“O conceito original foi muito ruim, colocaram em prática muito mal e o encobrimento foi o pior na história dos encobrimentos. Acho que quem pensou nessa ideia [de assassinar o jornalista] está em muitos apuros, e deveria estar”, disse o governante americano no Salão Oval da Casa Branca.

Trump afirmou que muitos líderes de países influentes estão irritados pelo assassinato do jornalista, mas destacou: “Ninguém está mais que eu”.

“Tem que haver algum tipo de represália”, ressaltou Trump, que antecipou que planeja “deixar nas mãos do Congresso” a decisão sobre a resposta dos EUA. No entanto, o presidente terá a palavra final.

Trump ressaltou que não deve restringir a venda de armas à Arábia Saudita porque “Rússia, China e França se aproveitariam rapidamente” dessa oportunidade de negócio se os EUA a rejeitasse.

O líder não quis esclarecer se concorda com as conclusões do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que hoje considerou “premeditado”, “selvagem” e “político” o assassinato do jornalista.

“Foi bastante duro com a Arábia Saudita. É uma situação muito ruim, e o presidente Erdogan não teve elogios” em relação ao governo saudita, analisou.

O governante americano também lembrou que a diretora da CIA, Gina Haspel, viajou nesta semana à Turquia para obter mais detalhes sobre o caso Khashoggi e que espera receber novidades “esta noite ou amanhã”.

Entenda o caso

Khashoggi, um jornalista crítico em relação à monarquia saudita e que vivia em Washington, desapareceu no dia 2 de outubro, quando entrou no consulado saudita em Istambul para pegar documentos.

*Com informações da Agência EFE

Depois de várias informações contraditórias, na sexta-feira passada (19), a Justiça saudita admitiu que Khashoggi morreu em uma “briga” dentro do consulado, e ordenou a detenção de 18 suspeitos.

Erdogan propôs nesta terça-feira que todos sejam extraditados à Turquia e julgados em tribunais turcos. Exigiu também o esclarecimento de detalhes sobre o paradeiro do corpo e o encarregado de dar as ordens para executar a operação em Istambul.

Visto a envolvidos

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, anunciou hoje que o governo americano vai revogar os vistos dos envolvidos na morte de Khashoggi.

Em entrevista coletiva na sede do Departamento de Estado, em Washington, Pompeo anunciou que os EUA também avaliam a possibilidade de impor sanções a essas pessoas.

Pompeo explicou que os departamentos de Estado e do Tesouro trabalham em conjunto sobre a possibilidade de sancionar os supostos responsáveis com amparo na lei Global Magnitsky, aprovada em 2016 e que permite ao governo punir os envolvidos em violações de direitos humanos no mundo todo.

“Estas penas não serão a última palavra dos EUA neste assunto, continuaremos estudando medidas adicionais para que os responsáveis prestem contas. Estamos deixando muito claro que os EUA não tolerarão esta impiedosa ação para silenciar o senhor Khashoggi, um jornalista, através da violência”, afirmou.

Pompeo garantiu que os EUA continuarão com uma “forte parceria” com a Arábia Saudita, mas ressaltou que nem ele, nem o presidente Donald Trump estão “satisfeitos com esta situação”.

“Nossos objetivos estratégicos com a Arábia Saudita continuam, nós continuamos vendo que se pode conseguir ao mesmo tempo o duplo objetivo de proteger os americanos e fazer com que os responsáveis pelo assassinato de Khashoggi prestem contas”, disse.

O secretário não esclareceu quem são as pessoas que os EUA identificaram como supostos autores do assassinato, porque a informação de vistos é considerada confidencial pelas autoridades migratórias americanas.