Dois dias depois de ser denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Michel Temer escolheu Raquel Dodge para assumir o comando da Procuradoria a partir de setembro. A subprocuradora foi a segunda mais votada, com 587 votos, na lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).
O mais votado, o subprocurador-geral Nicolao Dino, que fez 608 votos, e era visto pelo governo como aliado de Janot, que tem mandato até setembro. No entanto, a indicação de Raquel Dodge deverá ser aprovada no Senado.
Nesta quarta-feira (28), Temer recebeu a lista tríplice com o resultado da consulta feita aos membros do MP sobre a troca. Raquel foi a segunda colocada na votação, realizada ontem (27). Esta é a primeira vez em 14 anos que o presidente não escolhe o candidato que recebeu o maior número de votos.
O pronunciamento oficial que informou a decisão do presidente foi curto. “O presidente da República escolheu na noite de hoje a subprocuradora-geral da República e doutora Raquel Dodge para o cargo de procurador-geral da República. A doutora Raquel Dodge é a primeira mulher a ser nomeada para a Procuradoria-Geral da República”, anunciou porta-voz da Presidência, Alexandre Parola.
Lista tríplice começou em 2001 e, desde 2003, mais votado era indicado como novo PGR
Temer encerrou uma tradição iniciada no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003. Tanto Lula quanto a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sempre escolheram o primeiro colocado da lista tríplice.
Além de depender de aprovação pelo Senado, a troca será efetivada somente no dia 17 de setembro, quando termina o mandato de Janot, responsável por centenas de processos contra políticos envolvidos na Operação Lava Jato, incluindo a denúncia recente apresentada contra Temer.
A lista tríplice foi criada em 2001 e é defendida pelos procuradores da República como um dos principais instrumentos de autonomia da carreira. De acordo com a Constituição, o presidente da República pode escolher qualquer um dos mais de 1.400 dos membros da carreira em atividade para o comando da PGR. Desde 2003, no entanto, o nomeado é o mais votado pelos membros da ANPR.