O número de blocos inscritos para o carnaval de rua de São Paulo aumentou 20% em relação ao ano passado, segundo levantamento da prefeitura. De 2 a 19 de outubro, 538 agremiações apresentaram propostas de desfiles. O prazo estava definido no guia de regras publicado no dia 2 de outubro pelo governo municipal.
Em audiência pública ocorrida hoje (13) no Ministério Público Estadual, representantes de associações de bairros, comerciantes, organizadores de blocos e Poder Público discutiram medidas necessárias para realização da festa, que saltou de 3,5 milhões de foliões em 2017 para 8 milhões, neste ano, gerando impactos em diversas regiões da cidade. Para 2019, a previsão é 10 milhões.
Uma das principais preocupações do promotor de Justiça César Ricardo Martins, da Promotoria de Habitação e Urbanismo da capital, são os corredores definidos para os megablocos, que reúnem público acima de 100 mil carnavalescos. Em alguns casos, como o Bloco Acadêmico do Baixo Augusta, foram mais de 1,2 milhão de pessoas participando do desfile na Avenida Consolação neste ano.
Por recomendação do Ministério Público de São Paulo, a Avenida 23 de maio, que foi utilizada como local para grandes desfiles, não será mais utilizada para este fim em 2019. O uso da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em Pinheiros, por outro lado, terá o planejamento revisto. Pela grande quantidade de pessoas acima do esperado, a circulação no metrô, a disponibilidade de policiais e dispersão ficaram prejudicados no último carnaval.
“A Faria Lima não está descartada como local, porque em São Paulo existem poucas vias que realmente são adequadas, que têm dimensão e são adequadas do ponto de vista de mobilidade, com metrô e ônibus e tenham condições de ficar em segurança”, explicou o promotor.
Jacques Mendel, da Associação de Moradores de Pinheiros, propôs que a Avenida Brigadeiro Faria Lima não seja usada para megablocos. “Nós não somos contra o carnaval. Somos contra os desvios que os megaeventos e as ocupações que viram shows ao ar livre, que viram uma passarela do álcool”, disse. Mendel afirmou que apoia e participa de blocos menores. Ele considera a avenida imprópria para bloqueios por ser via de acesso a regiões importantes da cidade, inclusive região hospitalar, além de ser área de integração de ônibus.
Uma solução apontada pelo Poder Público, incluindo a Polícia Militar, para a Faria Lima, é evitar a simultaneidade de blocos na mesma região. Neste ano, palcos para shows foram montados no Largo da Batata, onde deveria ser a dispersão dos blocos, o que gerou um acúmulo de público na mesma região, dificultando a circulação e saída dos foliões. “Não podemos ter competição de blocos de tamanhos variados, podendo agregar o público do outro”, apontou Martins.
Atendimento
Durante a audiência, organizadores dos blocos mostraram preocupação com a definição dos trajetos e a disponibilização de apoio, incluindo infraestrutura, pela prefeitura. Thiago França, do Bloco A Espetacular Charanga do França, que sai pelas ruas do bairro Santa Cecília, relatou dificuldades no entendimento dos órgãos oficiais para solicitação de liberação de vias e apoio de ensaios pré-carnavalescos.
“Tivemos dificuldades neste ano porque nos indicaram falar com a PM [Polícia Militar], mas eles disseram que só aprovariam com a liberação da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego], e a CET disse que só aprovaria depois da PM. Ficamos nesse imbróglio”, relatou.
O promotor disse que levará este tema para a reunião técnica, encabeçada pelo MP, que realizará no dia 27 deste mês com representantes do Poder Público. Os ensaios que antecedem o carnaval também são uma preocupação da promotoria, pois também precisam ser comunicados aos órgãos para regulação do espaço público.
Em janeiro, nova audiência pública será realizada para divulgação de todos os detalhes do carnaval de rua. Pelo cronograma da promotoria, até o dia 15 de janeiro todo planejamento da festa em São Paulo estará concluído.