Patrimônio

Após 8 anos de reforma, Instituto de Educação Flores da Cunha é reaberto em Porto Alegre

O edifício, que estava em condições precárias, passou oito anos com serviços para recuperação da infraestrutura.

Crédito: Joel Vargas / GVG

O Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, foi reinaugurado nesta segunda-feira (19). O edifício, que estava em condições precárias, passou oito anos com serviços para recuperação da infraestrutura. A reabertura das portas do local marcou o início do ano letivo na rede estadual de ensino.

A obra de restauro teve custo aproximado de R$ 23,4 milhões do governo do Estado. As obras no prédio histórico, localizado na avenida Osvaldo Aranha, incluíram restauração e modernização do mobiliário e do imóvel, do auditório, do ginásio e dos pisos, adequações às legislações de segurança contra incêndio e acessibilidade, recuperação de instalações elétricas e esquadrias e readequação de espaços.

Foram reformados o saguão, a fachada, 20 salas de aula, refeitório, banheiros, ginásio com quadra poliesportiva e palco, auditório com 392 lugares, três laboratórios (Química, Biologia e Artes e Serigrafia), três quadras esportivas descobertas, cozinha e pátio. O Instituto de Educação tem 1.014 alunos matriculados para as aulas deste ano letivo.

Com 12 mil metros quadrados de área total e 8,5 mil metros quadrados de área construída, a estrutura conta com três pavilhões independentes: o principal, de frente para a avenida Osvaldo Aranha; o do ginásio de esportes, voltado para a avenida Setembrina; e o da Educação Infantil, de frente para o largo central do Parque Farroupilha.

Instituto de Educação Flores da Cunha, em 2016. Foto: Leandro Osório/Especial Palácio Piratini

Recuperação de obras de arte

Desde novembro de 2023, um cuidadoso trabalho de limpeza e preparação para a restauração ocorreu com as três telas de grandes proporções que ocupam as paredes do saguão. A mais antiga delas, “Garibaldi e a esquadra farroupilha” (5,45 m x 3,42 m, de 1916), pintada pelo piauiense Lucílio de Albuquerque, representa o transporte do barco comandado por Giuseppe Garibaldi da Lagoa dos Patos até o Oceano Atlântico, rumo a Santa Catarina.

As outras duas foram pintadas pelo gaúcho Augusto Luis de Freitas, quando ele residia em Roma, e entregues ao Estado em 1926. “A chegada dos casais açorianos” (6,3 m x 5,5 m, de 1923) retrata os primeiros povos portugueses a aportar no Estado. E “Combate da Ponte da Azenha” (5,46 m x 3,76 m, de 1923), o combate que deflagrou a Guerra dos Farrapos em 1835.

O restauro em andamento está a cargo da Floresta Arte, Conservação e Restauro, em um trabalho para o qual foram destinados R$ 536 mil por meio da Secretaria da Cultura (Sedac). O restauro é acompanhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e segue após a reabertura da escola, com conclusão prevista para outubro. Originalmente encomendadas pelo então presidente do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, para adornar o Palácio Piratini, as telas foram tombadas pelo Iphae em 2011.

Patrimônio tombado 

Em 1997, a prefeitura de Porto Alegre tombou o Parque Farroupilha, incluindo o Instituto de Educação. Em 2006, o Iphae (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado) reconheceu a escola como patrimônio estadual. Mesmo com pequenas obras de reparo e manutenção ao longo dos anos, as instalações estavam em condições precárias.

A partir de 2015, os alunos foram encaminhados a quatro escolas estaduais da capital. As obras se iniciaram em janeiro de 2016, mas acabaram paralisadas. Em outubro de 2018, os trabalhos recomeçaram – porém, devido às restrições orçamentárias do Estado, novamente pararam.

Com a recuperação da capacidade de investimento do Estado, houve retomada da obra em janeiro de 2022. Cerca de 90 profissionais trabalharam no canteiro de obras – em torno de 30 de fora do Rio Grande do Sul. Muitos atuaram em restauros de espaços públicos importantes, como o Museu do Ipiranga e o Museu da Língua Portuguesa. O prédio exigiu cuidado extremo no processo de reforma.