O número de infectados pela covid-19 na cidade de São Paulo pode ser dez vezes maior do que o índice oficial de 120 mil casos confirmados, ou seja, um total de 1,16 milhão de pessoas infectadas, o que equivale a 9,5% da população da capital paulista, de acordo com o resultado parcial do inquérito sorológico feito pela prefeitura e apresentado hoje (23). Por região, o 12,5% dos moradores da zona Leste foram infectados; na zona Centro-Oeste foram 10,7%; na Norte foram 8,4%; na região Sudeste, 8,2% e na zona Sul, 7,5%.
O Grajaú foi o bairro onde houve mais casos de covid-19, do total, 6,4% foram casos graves. Dos infectados em Brasilândia, 9,6% tiveram quadro grave; no Capão, foram 11,7% de casos graves; e no Jardim Ângela foram 10%. Quando se fala dos óbitos, destacam-se, com mais de 120 mortes por 100 mil habitantes, os bairros de Iguatemi, Guaianases, Lageado, Jardim Helena, Brasilândia, Cachoeirinha, Sé e Brás.
A pesquisa, que tenta descobrir por amostragem quantas pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, pretende ainda estimar a real letalidade e identificar o número de suscetíveis ao vírus para direcionar novas estratégias para planejar a volta gradativa das atividades na cidade. O inquérito começou a ser feito no dia 10 de junho, em 96 distritos da cidade e entrevistou 5.416 moradores maiores de 18 anos, escolhidos por sorteio. Foi utilizada uma base de dados e 3,3 milhões de domicílios cadastrados, divididos nas áreas de 472 unidades básicas de saúde e coleta de mais 5,6 mil pessoas.
Foram sorteados 12 domicílios em cada uma dessas áreas e foi testada uma pessoa por casa. Para realizar essa avaliação foi feito o exame sorológico, que detecta a presença de anticorpos específicos como o IgM e o IgG, e tem grau de confiabilidade de 99% no resultado. A pesquisa terá ainda mais quatro fases a cada 15 dias.
Infectados
Dados atuais, apontam que a cidade de São Paulo tem hoje 118.708 casos confirmados do novo coronavírus, o que segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, dá ao inquérito um grau de confiabilidade importante, permitindo chegar às conclusões de que os processos de flexibilização estão sendo pautados por esses dados. “A literatura e os resultados nos mostram que de 80% a 85% das pessoas não apresentam sintomas e de 10% a 15% das pessoas precisam de algum tratamento, seja clínico na UBS, ou na rede hospitalar”.
De acordo com o secretário, inquéritos sorológicos como esse também foram feitos na Espanha, Itália e França. “Na França os resultados apontaram 4% de prevalência e Espanha e Itália registraram 5%. O que mostra que a cidade de São Paulo tem quase o dobro de prevalência em relação a esses países pesquisados na Europa”, disse.
Com base nesses dados, a real taxa de letalidade é de 0,5%, o que equivale ao óbito de 5 pessoas por cada 1000 infectados. Sem a taxa de prevalência (9,5%) essa taxa seria de 26 mortes para cada 1000 infectados. “Até o dia 21 de junho nós tínhamos 6.422 óbitos notificados na cidade. Os casos notificados eram na casa dos 246.892 mil. O inquérito sorológico nos apresenta o cenário de letalidade o que é um dado de enorme importância para montagem da estrutura de saúde e os próximos passos para enfrentamento da pandemia”.
A próxima etapa do levantamento começa no dia 29 de junho.