Dois médicos de Itaqui, na Fronteira Oeste, foram presos pela PF (Polícia Federal) na madrugada desta segunda-feira (6), na Operação Falso Juramento. Os dois são investigados por cobrança de partos integralmente cobertos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Há provas de cobrança indevida há pelo menos 13 anos, que pode ter rendido mais de 1,6 milhão de reais aos dois médicos nesse período. Também eram cobrados outros procedimentos cobertos pelo SUS, como cauterização, aplicação de injeção e cirurgias.
Durante as investigações, os agentes federais identificaram dezenas de mulheres que relataram cobrança pela realização de parto cesárea por dois médicos obstetras e um anestesista, no Hospital São Patrício, em Itaqui. No entanto, o hospital apresentou documentação de que todo o procedimento foi custeado pelo SUS.
Cesáreas eram negadas se não houvesse pagamento
Conforme a PF, as pacientes, com receio de entrar em trabalho de parto, solicitavam diretamente aos médicos uma cesárea, que concediam mediante o pagamento de valores que variavam entre 400 e 1,8 mil reais. Esses valores eram integralmente embolsados pelos médicos, pois a internação era realizada pelo SUS.
Várias mulheres que já estavam em trabalho de parto há vários dias tinham o pedido de cesárea negada se não houvesse o pagamento. Foram identificados casos de sequelas em bebês por terem passado da data do parto e até mesmo o óbito de um recém-nascido.
Os dois médicos presos foram encaminhados à Penitenciária Modulada de Uruguaiana e responderão por crimes de corrupção, estelionato e realização de esterilização cirúrgica ilegal. Também foram indiciados uma funcionária de um dos médicos e o anestesista.