HEXACAMPEÃO

Crônica Grêmio 1 x 0 Caxias: o espírito das coisas

Este é o 42º título gaúcho do Grêmio. O tricolor é hexacampeão gaúcho pela terceira vez

Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Faz parte da história do pensamento o dualismo entre a coisa material e a espiritual. O transcendente. Porém, a experiência dos últimos séculos, guiada pelo devir da ciência e da própria virada filosófica moderna, tem sido de abandono dessa concepção. Cremos cada vez mais nas coisas do corpo e a partir disso elaboramos a história de nossas vidas.

Mas há algo no legado espiritualista a se pensar. Penso se tudo que existe é palpável. Exemplo. É possível isolar a alegria ou mesmo a tristeza em si? Vejo que elas são estados, modos nos quais se apresentam um corpo e só nele podem ser vistos. Os sentimentos, então, são intensidades e existem numa coisa outra que não eles mesmos.

Mas sim, se existem nos corpos, suas variações estão sujeitas ao contato, à força com que essas substâncias entram em relação. Logo, o que essa concepção nos ensina é que uma força não tem somente quantidade, mas também qualidade.

O sol forte que garante um bom dia de praia pode ter um impacto tão significativo quanto a picada de uma víbora. A praia, no entanto, alegra. A víbora envenena, mata.

Mas sim, tudo é complexo, “relativo”. O mesmo sol forte pode queimar plantações inteiras. Já a cobra pode acabar por atacar simplesmente porque se vê acuada.

Por conseguinte, nossa força, nossa busca pelo poder, pode ter como fonte e como consequência o sofrimento profundo, uma tristeza incessante com todas as suas variações. Assim, para a ética humana, o que resta de imaterialidade cria a pergunta: “Quem você quer ver triste? E por quê?”.

O Caxias tinha uma bela história para contar na final do Campeonato Gaúcho. Saiu da Serra movido pela força de sublevar a disposição natural das forças, que indicava o título gremista.

Porém, mais forte, mesmo sem lá uma grande atuação, o Grêmio fez valer o fator local, com 51 mil gremistas presentes, e venceu por 1 a 0. Tricolor hexacampeão. Alegria. Tristeza. O eterno e trágico deslizamento do tempo. Enquanto isso, a terra gira e o vento sopra forte e sem motivo.

A partida

Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

O gol do Grêmio saiu apenas no segundo tempo. Aos 19, após ir ao VAR, Leandro Vuaden viu pênalti em Suárez. O próprio “Pistolero” bateu e, diferente de suas cobranças recentes, superou o goleiro Bruno e colocou o Tricolor em vantagem.

No tempo que antecedeu esse gol, o Grêmio foi melhor. A equipe de Renato Portaluppi manteve seu estilo de toques rápidos, composto por jogadores com estilo mais de toques por dentro, sem o usual ponteiro, tão recorrente no futebol brasileiro e mundial.

Os gols do Grêmio poderiam ter saído no primeiro tempo, aos 17, em chute na trave de Suárez, aos 21 com Bitello, aos 23 com Villasanti, e aos 27 com Carballo. Depois, no segundo tempo, antes do gol de Suárez, ainda houve chances aos 14 com Vina.

Suárez seguia no jogo. Aos 25, o centroavante parou no goleiro Bruno.

Mesmo com a superioridade gremista, o Caxias não fez feio. Os comandados do promissor Thiago Carvalho, mantiveram o estilo envolvente e organizado durante toda partida. Faltou, no entanto, mais força para chegar ao ataque.

As chances foram escassas. A melhor delas, a de empatar, no segundo tempo, aos 26, com Marlon. Fernando desviou um cruzamento de falta e Adriel fez bela defesa. No rebote, Marlon desperdiçou com o gol aberto.

Depois de uma série de substituições e paradas para atendimento, Vuaden deu 9 minutos de acréscimos. Houve tempo somente para, aos 52, o Grêmio ainda ter um gol de Lucas Silva, anulado com auxílio do VAR.

Situação e próximo jogo

Este é o 42º título gaúcho do Grêmio. O tricolor é hexacampeão gaúcho pela terceira vez.

Agora, as atenções se voltam para a Copa do Brasil. O Grêmio enfrenta o ABC, no Rio Grande do Norte, na quinta-feira (13), às 21h30. A partida é válida pela terceira fase da competição nacional.

Escalações

Grêmio

Adriel; João Pedro, Bruno Alves, Kannemann e Reinaldo (Diogo Barbosa); Villasanti e Carballo (Lucas Silva); Bitello (Gustavinho), Cristaldo (Uvini) e Vina (Zinho); Luis Suárez – 4-2-3-1Técnico: Renato Portaluppi

Caxias

Bruno Ferreira; Marcelo, Dirceu (Adriel), Fernando e Dudu Mandai; Marlon (Marciel) e Guedes (Vini); Jean Dias, David Peninha (Marcão) e Diego Rosa (Yago); Eron –4-2-3-1Técnico: Thiago Carvalho

Cartões amarelos

Grêmio

Bruno Alves e Kannemann;

Caxias

Marlon, Dirceu, Vini Guedes, Diego Rosa e Vini.

Cartões vermelhos

Grêmio

Diogo Barbosa

Caxias

Vini

Arbitragem

Árbitro: Leandro Vuaden
Auxiliar: Rafael Alves
Auxiliar: Jorge Bernardi
VAR: Pablo Pinheiro