DICAS

Boletim apresenta recomendações para lidar com fenômeno El Niño no RS

Boletim do Copaaergs apresenta recomendações para lidar com o El Niño no próximo trimestre, que promete período com risco de enchentes no Estado.

Chuva isolada em uma lavoura. Foto: Fernando Dias / Secretaria da Agricultura

O fenômeno El Niño volta a influenciar no tempo. Para o Rio Grande do Sul, a previsão aponta ar quente, bastante umidade, com volumes de chuva acima da média em todas as regiões, com risco de enchentes.

De julho a setembro, o Rio Grande do Sul deve experimentar a intensificação do fenômeno El Niño, que atingirá o nível mais intenso no fim do trimestre.

As informações são do boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em agrometeorologia de 15 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura e ao clima; e as previsões apresentadas são baseadas no modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.

As orientações gerais para as culturas de inverno são:

  • Evitar áreas sujeitas a alagamento e de difícil drenagem para a implantação das lavouras;
  • Evitar a adubação com nitrogênio antes de precipitações intensas, para reduzir perdas por lixiviação;
  • Monitorar o estado sanitário das lavouras, atentando para condições de alta umidade, especialmente na primavera, o que favorece a ocorrência de doenças fúngicas de espiga/panícula, que são de difícil controle;
  • Não procrastinar a colheita, a fim de se evitar danos à qualidade dos grãos por chuvas intensas;
  • Seguir os períodos de semeadura indicados pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).

Orientações específicas

Arroz

  • Dentro do possível, dar continuidade à adequação das áreas destinadas à lavoura, principalmente às atividades de preparo e sistematização do solo e de drenagem, para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo Zarc;
  • Acompanhar os níveis dos reservatórios para definir as áreas a serem semeadas, especialmente na Fronteira Oeste;
  • Para semeaduras “do cedo”, no mês de setembro, quando a temperatura do solo for baixa, atentar para que a profundidade não seja superior a dois centímetros, a fim de evitar redução no estande de plantas e a consequente desuniformidade no estabelecimento inicial da cultura;
  • Atentar para manutenção da drenagem após a emergência das plantas, para evitar prejuízos no estabelecimento inicial em função do prognóstico de chuvas acima da média em algumas regiões.

Culturas de primavera-verão

  • Fazer o manejo de culturas de inverno ou plantas de cobertura destinadas à proteção do solo;
  • Iniciar a semeadura quando a temperatura do solo estiver entre 16° e 18°C a 5 cm de profundidade, respeitando o Zarc;
  • Escalonar a época de semeadura e utilizar cultivares de diferentes ciclos para diminuir a possibilidade de coincidir o período crítico da cultura com as épocas de maior demanda evaporativa;
  • Fazer adubação em cobertura preferencialmente antes da ocorrência de chuvas ou quando o solo apresentar disponibilidade de água adequada;
  • Antecipar o máximo possível a semeadura do milho, respeitando o Zarc, caso sejam planejadas duas safras;
  • Dedicar atenção ao monitoramento de pragas, especialmente à ocorrência da cigarrinha do milho.

Hortaliças

  • Evitar irrigação em excesso e, quando necessário, dar preferência ao sistema de gotejamento;
  • Realizar a limpeza do plástico da cobertura em cultivos protegidos, para melhorar a disponibilidade de radiação solar;
  • Atentar para a manutenção das condições térmicas e de ventilação, para evitar o acúmulo de umidade do ar em ambientes protegidos;
  • Monitorar doenças, principalmente aquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea e pelo excesso de umidade no ar ou no solo;
  • Evitar posicionamento de cultivares de inverno a partir de meados de agosto, pois a alta temperatura do ar na fase reprodutiva, no final de ciclo das espécies olerícolas, pode ocasionar distúrbios fisiológicos.

Fruticultura

  • Utilizar práticas conservacionistas para manutenção de água no solo, tais como encanteiramento de linhas de frutíferas, cobertura verde nos pomares (por meio de espécies cultivadas ou espontâneas, bem como redução do risco de perdas de solo na ocorrência de chuvas intensas;
  • Utilizar adubação profunda, correção de solos e demais práticas que levem ao aprofundamento de raízes no preparo e na implantação de pomares;
  • Prever a aquisição e o ajuste de aplicação de produtos indutores de brotação para quebra de dormência de frutíferas de clima temperado conforme a necessidade de frio das cultivares, uma vez que há projeção de menor acúmulo de frio no período hibernal;
  • Melhorar a disponibilidade de radiação solar realizando a limpeza do plástico da cobertura em cultivos protegidos;
  • Utilizar irrigação por aspersão ou outros métodos para o combate à geada, quando houver previsão de ocorrência;
  • Dar preferência a encostas com exposição norte e sem barreiras abaixo na implantação de pomares, para facilitar o escoamento do ar frio e minimizar os riscos de dano por geada;
  • Dar atenção especial ao monitoramento e ao controle fitossanitário em função do prognóstico de maior índice de precipitação e temperaturas do ar acima da média.

Forrageiras e conforto animal

  • Manter carga animal baixa ou moderada, tendo em vista o baixo crescimento das pastagens naturais no período de inverno e considerando o prognóstico de chuvas acima da média e menor aporte de radiação solar que levam a um crescimento limitado das pastagens;
  • Fornecer suplemento aos animais (feno, silagem, ração) mantidos em pastagem natural com baixa disponibilidade de forragem;
  • Realizar o manejo indicado para as forrageiras de inverno/primavera, anuais ou perenes, como a aplicação de adubação nitrogenada em cobertura e o ajuste de carga animal à disponibilidade de forragem;
  • Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio;
  • Atentar para as instalações e o entorno delas, para evitar formação de muito barro, o que ocasiona problemas de casco, especialmente em vacas de leite;
  • Manter à atenção para se evitar o estresse térmico dos animais, principalmente das vacas de alta produção de leite, pois mesmo que o período seja caracterizado por temperaturas baixas (inverno), o prognóstico aponta para temperaturas acima da média, principalmente no mês de setembro, que já apresenta temperaturas mais elevadas normalmente;
  • Estabelecer um sistema de manejo e de ambiente integrados é a forma mais eficiente de se combater o estresse térmico, mantendo a temperatura corporal do animal próxima ao normal (38°C a 39°C) a maior parte do dia.

Para adequar o ambiente pode-se utilizar: incremento da movimentação do ar, umedecimento da superfície do animal, resfriamento evaporativo do ar (sistemas como ventilador, aspersão e painel evaporativo) para os animais em confinamento; e utilização de sombras e água de qualidade que minimizem os efeitos da radiação solar direta em dias quentes e abrigamento de ventos e temperaturas baixas, para os animais criados a pasto.