
O vice-governador Gabriel Souza apresentou, na sexta-feira (9), em Brasília (DF), um estudo que detalha o sucateamento da malha ferroviária do Rio Grande do Sul. Os dados foram discutidos durante reunião do Grupo de Trabalho sobre Ferrovias da Malha Sul. O trecho está atualmente sob concessão da Rumo Logística.
Conforme o levantamento, o Estado perdeu metade da capacidade de transporte ferroviário desde 2006. Dos 3.823 quilômetros concedidos à empresa, apenas 1.680 quilômetros estavam operacionais até abril de 2024.
Mas, depois das cheias, o número de quilômetros operacionais caiu para 921 devido aos danos provocados pelas enchentes de 2024. Apenas um traçado ferroviário continua operando, o que liga Cruz Alta ao Porto de Rio Grande, no Sul do Estado. A ligação com Santa Catarina, Passo Fundo, ou Canoas estão interrompidas.
Trechos obsoletos e locomotivas velhas
O levantamento aponta que a concessionária não fez a modernização dos trilhos que, hoje, estão sem manutenção. A análise também aponta que parte das locomotivas são ultrapassadas.
Conforme o estudo, a velocidade média das composições em circulação caiu para apenas 12 km/h, enquanto a movimentação de cargas ferroviárias no Estado despencou 50% desde 2006. O transporte ferroviário de líquidos está paralisado desde as enchentes de maio de 2024.
Na reunião, o governador em exercício reforçou a urgência de uma nova modelagem de concessão, com foco na requalificação e ampliação da malha, especialmente em trechos estratégicos para o escoamento da safra, como a ligação entre Cruz Alta e o Porto de Rio Grande. “O tempo urge. Precisamos de uma malha que ofereça logística eficiente ao Estado”, disse.
A reunião teve participação de representantes do DNIT, ANTT, Infra S.A. e SNTF (Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário), além de integrantes do Gabinete do Vice-Governador e da Seppi (Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos).
Trem dos Vales pode voltar parcialmente
Também houve discussão sobre a possibilidade de retomada parcial do trecho turístico do Trem dos Vales, entre Muçum e Guaporé. Gabriel propôs a separação do segmento da atual concessão, permitindo que 13 km do percurso sejam reativados com apoio da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
Mais reuniões para discutir o assunto
Um novo encontro em junho deve consolidar os estudos de modelagem federal com as demandas identificadas pelo governo gaúcho. A expectativa é definir um cronograma de reativação da malha e das operações turísticas.
A proposta é considerada estratégica não apenas para o RS, mas para toda a cadeia exportadora nacional, que depende de rotas eficientes para acessar o porto de Rio Grande.