A enchente de 2024 atingiu o patamar de 5,37 metros no Centro Histórico de Porto Alegre. O nível oficial da grande cheia foi divulgado pelo SGB (Serviço Geológico do Brasil) na manhã desta terça-feira (3).
Os resultados inéditos fazem parte do trabalho “Avaliação Indireta do Nível Máximo do Guaíba na Região Central de Porto Alegre, entre as Estações Cais Mauá C6 e Usina do Gasômetro“, realizado em parceria com a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e apoio do Exército Brasileiro.
Segundo a chefe do Departamento de Hidrologia do SGB, Andrea Germano, a definição das cotas máximas no Guaíba é fundamental para compreender a cheia histórica e apoiar projetos de estruturas de proteção, que contribuam para a prevenção de desastres na cidade.
“Os dados podem ajudar a dimensionar obras hidráulicas, apoiando os cálculos sobre o tempo de retorno de eventos similares e contribuindo para a adoção de melhores práticas na prevenção e mitigação de eventos hidrológicos extremos”, explica.
A cota havia sido estimada em 5,35 metros no dia 5 de maio. O nível divulgado hoje é, portanto, 2 centímetros maior que o apontado há quatro meses.
“Durante as enchentes, a estação do Cais Mauá C6, operada pela SEMA-RS, foi danificada e, por essa razão instalamos, de forma emergencial, uma estação na Usina do Gasômetro, a 2 quilômetros do C6, para entender o comportamento do Guaíba e subsidiar as previsões, na ocasião. Passado esse período crítico, iniciamos o estudo para avaliação indireta das cotas máximas”, explica o pesquisador Franco Buffon, chefe da Superintendência Regional de Porto Alegre.
Diferenças nas medições
Os engenheiros explicam que as variações existem porque o nível do Guaíba não é linear em toda a extensão. Para comparação da série histórica, o referencial passa a ser a cota de 5,37 metros no Armazém C6. No local, ficava a régua automática de medição da Sema-RS (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), que acabou sendo levada pela força das águas na noite de 2 de maio.
Essas diferenças são apontadas pelo relatório. “Verifica-se um desnível de 78 cm entre o Armazém C6, onde estava instalada a Estação Cais Mauá C6, operada pela SEMA-RS, avariada durante a inundação de maio de 2024, e a Estação Usina do Gasômetro, instalada emergencialmente pelo SGB. Desta forma, para cada seção do Guaíba analisada, obtém-se um nível de água diferente e deve ser avaliada de forma local”, destaca o boletim.
Mas, comparando com cheias recentes, é possível afirmar que a cheia de 2024 subiu 1,91 metro acima da enchente de novembro de 2023. O Guaíba atingiu 3,46 metros na régua do Cais C6. A enchente de setembro alcançou 3,18 metros, ficando 2,19 metros abaixo do registrado em maio.
Enchente de 1941 passa a ser a segunda maior cheia
A segunda cheia de grandes proporções em Porto Alegre ocorreu em 1941. Ela está materializada por placas, na região do Pórtico de entrada do Cais Mauá. Nesta região, a coluna de água, em maio de 2024, superou a cota anterior em 45 cm.
A estimativa, com base nos cálculos atuais é que a cheia de 1941 tenha alcançado 4,69 metros. E não os 4,76 metros estimados à época. Essas diferenças se devem, justamente, às diferenças dos pontos de medição.
Maiores cheias do Guaíba:
- 1873 – 3,50 metros (Cais Mauá)
- 1914 – 2,60 metros (Cais Mauá)
- 1928 – 3,20 metros (Cais Mauá)
- 1936 – 3,22 metros (Cais Mauá)
- 1941 – 4,76 metros (Cais Mauá), mas revisada para 4,69 metros no estudo atual
- 1967 – 3,13 metros (Cais Mauá)
- 1984 – 2,60 metros (Cais Mauá)
- 2015 – 2,94 metros (Armazém C6)
- 2016 – 2,65 metros (Armazém C6)
- setembro de 2023 – 3,18 metros (Armazém C6)
- novembro de 2023 – 3,46 metros (Armazém C6)
- Maio de 2024 – 5,37 metros (Armazém C6); 5,12 metros (Cais Mauá); 4,59 metros (Usina do Gasômetro).