DENÚNCIA AO STF

PGR denuncia 34 pessoas por tentativa de golpe e atos contra a democracia

Acusados são apontados como responsáveis por conspiração para ruptura institucional. Denúncia inclui crimes como organização criminosa e dano qualificado.

Imagem do prédio do Ministério Público Federal com sinalização destacando o MPF e a Procuradoria Geral da República, iluminado à noite.
Crédito: Antonio Augusto/MPF

Brasília - O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, apresentou denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra 34 pessoas acusadas de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado e ataques aos Três Poderes. A denúncia, protocolada nesta terça-feira (18), aponta crimes como organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio público.

As acusações foram divididas em cinco peças e incluem documentos, mensagens e planilhas que detalham um esquema para romper a ordem democrática após as eleições de 2022. A PGR (Procuradoria-Geral da República) sustenta que o grupo articulou ações desde 2021, com discursos contra o sistema eleitoral, pressão sobre o Exército e mobilização de forças de segurança.

Os 34 denunciados são acusados de cometer os seguintes crimes:

  • organização criminosa armada (art. 2º, caput, §§2º, 3º e 4º, II, da Lei n. 12.850/2013);
  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal);
  • golpe de Estado (art. 359-M do CP);
  • dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (art.163, parágrafo único, I, III e IV, do CP);
  • deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I, da Lei n. 9.605/1998).

Organização criminosa e tentativa de golpe

A denúncia aponta que a organização criminosa era liderada pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro, e seu candidato a vice-presidente, general Braga Neto, com apoio de civis e militares. O objetivo era impedir o cumprimento do resultado das eleições presidenciais de 2022.

As investigações indicam que, em julho de 2022, o ex-presidente reuniu embaixadores e representantes diplomáticos para questionar publicamente a segurança das urnas eletrônicas, preparando um cenário para contestação do pleito. Após a derrota eleitoral, os envolvidos continuaram fomentando discursos de fraude e incentivaram acampamentos em frente a quartéis do Exército.

Durante o segundo turno das eleições, o grupo teria utilizado órgãos de segurança, como a PRF (Polícia Rodoviária Federal) para dificultar o voto de eleitores da oposição. Além disso, integrantes da organização pressionaram o Comando do Exército e o Alto Comando Militar, buscando apoio para uma intervenção.

Planejamento e execução do ataque

A denúncia também menciona minutas de atos institucionais redigidas para formalizar a ruptura democrática. Entre as propostas, estava a prisão de ministros do STF e a anulação das eleições. As investigações revelaram que o plano admitia até mesmo a morte do presidente eleito e de ministros do Supremo.

A última tentativa de golpe ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023, quando um grupo invadiu e depredou as sedes do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. Os manifestantes, que pediam intervenção militar, saíram do Quartel-General do Exército em Brasília escoltados por policiais militares do Distrito Federal. O ataque gerou prejuízos estimados em R$ 20 milhões.

Próximos passos

A denúncia será analisada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Caso a Corte aceite a acusação, os 34 denunciados se tornarão réus e responderão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio público.

Veja a lista completa de denunciados:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Ramagem
  3. Almir Garnier Santos
  4. Anderson Torres
  5. Angelo Martins Denicoli
  6. Augusto Heleno
  7. Bernardo Romão Correa Netto
  8. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  9. Cleverson Ney Magalhães
  10. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  11. Fabrício Moreira de Bastos
  12. Fernando de Sousa Oliveira
  13. Filipe Garcia Martins
  14. Giancarlo Gomes Rodrigues
  15. Guilherme Marques de Almeida
  16. Hélio Ferreira Lima
  17. Jair Bolsonaro
  18. Marcelo Bormevet
  19. Márcio Nunes de Rezende Júnior
  20. Marcelo Costa Câmara
  21. Mario Fernandes
  22. Marília Ferreira de Alencar
  23. Mauro Cid
  24. Nilton Diniz Rodrigues
  25. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  26. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  27. Rafael Martins de Oliveira
  28. Reginaldo de Oliveira Abreu
  29. Rodrigo Bezerra de Azevedo
  30. Ronald Ferreira de Araujo Júnior
  31. Silvinei Vasques
  32. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  33. Walter Souza Braga Netto
  34. Wladimir Matos Soares