ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Entenda o que é o processamento de alimentos, a prática milenar garante segurança, sabor e nutrição

Mais que conveniência, técnica transforma alimentos e contribui com saúde, inovação e combate ao desperdício

Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini
Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini

Você sabe o que significa processar um alimento? Muito além das prateleiras dos supermercados e das indústrias alimentícias, o processamento de alimentos é uma prática ancestral, que evoluiu com o tempo e hoje faz parte da rotina até dentro de casa. Ferver, grelhar, congelar ou conservar em vinagre são apenas alguns exemplos.

Apesar de muitas vezes ser associado de forma negativa, o processamento é essencial para garantir segurança alimentar, prolongar a durabilidade e evitar desperdício. Técnicas como fermentação, cocção e desidratação fazem parte do cotidiano e ajudam a tornar os alimentos próprios para consumo por mais tempo.

O que é o processamento de alimentos

“Processar é qualquer técnica que altera as características físicas ou químicas de ingredientes e do próprio alimento”, explica Jaqueline Harumi Ishikawa, diretora do Núcleo de Comunicação Científica do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-Apta). Segundo ela, esse processo pode ocorrer de forma artesanal ou industrial.

Na prática, quando fazemos pão, compotas ou até mesmo um simples arroz no fogão, já estamos utilizando formas de processamento. “Ao usar o calor para remover grande parte da água no preparo de geleias, por exemplo, estamos aplicando o processo de concentração”, acrescenta Jaqueline.

Processamento caseiro x industrial

A grande diferença entre o que é feito em casa e o que sai das fábricas está na escala e na padronização. Enquanto em casa usamos utensílios simples, as indústrias utilizam equipamentos que produzem em larga escala, com foco em manter a qualidade e a segurança do produto.

“Esse processo industrial garante que produtos como biscoitos, pães e massas fiquem frescos por mais tempo sem perder a qualidade”, pontua Jaqueline. A ciência por trás disso garante também alimentos mais acessíveis e seguros à população em geral.

Tecnologia e inovação a serviço da alimentação

O projeto Comer Com Ciência, coordenado pelo Ital, surgiu com o objetivo de explicar esses conceitos e combater desinformações. A nutricionista Bianca Naves, embaixadora da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), destaca que processos como congelamento e conservação em vinagre são exemplos clássicos da prática.

“O congelamento transforma a água em cristais de gelo, impedindo o crescimento de micro-organismos. Já o vinagre atua como conservante natural, especialmente em vegetais como o picles”, afirma Bianca.

Ela ainda lembra que o termo “ultraprocessado” não é reconhecido pela ciência de alimentos, já que a quantidade de etapas não determina o valor nutricional do produto.

Nutrientes presentes em todo alimento

“Enquanto algumas técnicas buscam conservar os alimentos, outras enriquecem seu valor nutricional”, explica Bianca. O segredo está no equilíbrio e na variedade, com atenção à qualidade do que se consome.

Independentemente da origem ou do modo de preparo, todo alimento possui nutrientes. E cabe ao consumidor fazer escolhas informadas, com base no conhecimento científico e não em mitos populares.