A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (10) a Operação SOS. A investigação apura suspeitas de direcionamento de contratos e pagamento de propina envolvendo servidores ligados ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Porto Alegre. Mandados de busca foram cumpridos em Porto Alegre e Gravataí.
A ação é conduzida pelo DERCAP (Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública). A Polícia Civil apreendeu documentos e aparelhos eletrônicos, que serão analisados para reforçar o conjunto de provas.
Conforme a investigação, servidores vinculados ao Samu teriam estruturado, ao longo de anos, um esquema que envolvia:
- fraudes em licitações e favorecimento em processos de contratação;
- direcionamento de manutenção e consertos de viaturas para uma oficina específica;
- superfaturamento de serviços mecânicos;
- pagamento sistemático de vantagens indevidas a servidores;
- lavagem de dinheiro e uso de empresas de fachada para manter contratos.
Esquema teve início em 2015, diz polícia
De acordo com o delegado Cassiano Cabral, as suspeitas abrangem desde o direcionamento de serviços até a ocultação de beneficiários nas empresas contratadas.
A investigação começou após notícias de fato encaminhadas pelo Ministério Público, com relatos de suspeitas envolvendo contratação de motoristas do Samu, locação de veículos para o DMAE e envio de viaturas para manutenção. O inquérito aponta que o esquema teria iniciado em 2015, com intensificação a partir de 2018 e prorrogações que teriam se estendido até 2024.
A Polícia Civil afirma que as diligências desta fase buscam aprofundar as provas e detalhar a dinâmica de favorecimento, contratos e fluxo financeiro ligado às suspeitas.
Empresas em nome de terceiros e “participação oculta”
De acordo com o delegado Guilherme Calderipe, duas empresas firmaram contratos com a administração municipal, por vários anos, para motoristas de ambulância e locação de viaturas. Embora registradas formalmente em nome de terceiros, a apuração aponta participação mascarada de servidores municipais na gestão e operação dessas empresas. Situação que teria facilitado o favorecimento em licitações e a manutenção de contratos.
Paralelamente, a investigação mapeou o papel de uma oficina mecânica que teria passado a receber direcionamento recorrente de consertos de ambulâncias e viaturas. A Polícia Civil afirma que essa empresa concentrava cerca de 40% das manutenções do Samu, apesar de haver outras oficinas credenciadas para o serviço.
A Polícia Civil sustenta que a apuração financeira identificou um padrão de movimentações compatível com pagamento ilícito: pagamentos do município à oficina seguidos de saques em espécie por servidores em curto intervalo.
Conforme Calderipe, essa coincidência temporal soma mais de R$ 200 mil e aparece em eventos repetidos no período analisado. Além disso, houve a identificação de depósitos sem identificação, operações fracionadas e movimentações incompatíveis com a renda declarada.
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