A Feira do Livro de Porto Alegre 2024 tem patrono. O escritor Sérgio Faraco, de 84 anos, representará a edição que marca os 70 anos ininterruptos do evento, que ocorre de 1º a 20 de novembro, na Praça da Alfândega. O funcionamento está previsto das 10h até as 20h.
O escritor foi anunciado o patrono da festa literária nesta quinta-feira (15), durante coletiva de imprensa da Câmara Rio-Grandense do Livro. “É uma homenagem importante que recebo da Câmara Rio-Grandense do Livro e sempre vou lembrar. Não a recebo por mim, que pouco mereço, mas em nome daqueles que sinto representar nessas duas semanas, os escritores desta cidade e deste estado. A distinção é deles”, ressalta o patrono.
Três vezes agraciado com o Prêmio Açorianos de Literatura, o escritor já teve contos publicados em mais de dez países, como Alemanha, Argentina, Bulgária e Chile. Em seu trabalho mais recente, Faraco escreveu uma memória que, segundo ele, o leitor poderá considerar uma continuação de “Lágrimas na chuva” (2002).
“Reproduz as dificuldades que tive em 1965, após ter voltado da Rússia. O livro se chama ‘Digno é o cordeiro’ e será publicado um pouco antes na Feira do Livro pela L&PM, a casa que edita meus livros há quase 40 anos”, conta o escritor.
Para o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Maximiliano Ledur, a escolha de Faraco é uma forma de homenagear sua contribuição à literatura regional. “Sérgio Faraco representa o nosso compromisso com a promoção da literatura que certamente inspira e enriquece novos leitores”, destaca.
Perfil do escritor
Nascido em Alegrete, em 1940, viveu por dois anos na União Soviética entre 1963 e 1965, quando cursou o Instituto Internacional de Ciências Sociais, em Moscou. O escritor também é formado em Direito.
Ao longo da sua trajetória literária, Faraco acumula prêmios e reconhecimentos pelos seus contos, memórias, crônicas e obras de ficção.
Busca alcançar a simetria entre o que escreveu e aquilo que o levou a escrever. “Tenho um impulso, pode ser uma ideia, uma circunstância, uma emoção, uma frase, uma música. Algo que vejo ou alguém comenta, e então começo a escrever e a reescrever para descobrir a história que está por trás do impulso. O resultado é sempre um conto”, destaca Faraco.
Em 1988, com a obra “A dama do Bar Nevada”, conquistou o Prêmio Galeão Coutinho, reconhecido pela União Brasileira de Escritores como o melhor volume de contos lançado no Brasil no ano anterior.
Alguns anos depois, em 1994, com “A lua com sede”, recebeu o Prêmio Henrique Bertaso de melhor livro de crônicas. Nos anos de 1995, 1996 e 2001, foi agraciado com o Prêmio Açorianos de Literatura, principal premiação cultural da capital gaúcha.
Em 2008, recebeu a Medalha Cidade de Porto Alegre, como homenagem da Prefeitura da Capital.
Feira da retomada
A Feira do Livro deste ano também marca a retomada do setor livreiro. A área foi fortemente impactada pela enchente que atingiu o Estado neste ano. A própria Praça da Alfândega, que sedia o evento, acabou alagada pela enchente histórica de maio de 2024.