DUPLA JORNADA

Operação mira organização criminosa especializada em extorsão mediante sequestro

Criminosos mantiveram em cativeiro um casal de idosos, proprietários de supermercados na região metropolitana de Porto Alegre

Foto: Polícia Civil /Divulgação
Foto: Polícia Civil /Divulgação

A Polícia Civil, por meio da 1ªDR/Deic (1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais), deflagrou, nesta quinta-feira (7), a Operação Dupla Jornada. O objetivo da ofensiva é desarticular uma organização criminosa especializada em extorsão mediante sequestro.

Os criminosos mantiveram em cativeiro um casal de idosos, proprietários de supermercados na região metropolitana de Porto Alegre. Eles exigiram o pagamento de R$ 1 milhão para libertação das vítimas.

Nesta manhã, os policiais cumpriram 27 ordens judiciais, sendo 13 mandados de prisão preventiva e 14 mandados de busca e apreensão. As cidades- alvo são Porto Alegre, Gravataí, Viamão, Santo Antônio, São Jerônimo e Charqueadas. Até o momento, sete pessoas foram presas.

A investigação

A investigação teve início em março de 2025, quando as vítimas, de 68 anos e 69 anos, foram arrebatadas em sua residência por vários criminosos armados e levadas para um cativeiro, em Santo Antônio da Patrulha.

“O crime foi meticulosamente planejado e executado por uma organização que demonstrou alto grau de sofisticação operacional, utilizando desde informações privilegiadas, obtidas por funcionários infiltrados, até equipamentos de comunicação dentro do sistema prisional”, disse a Polícia Civil.

O sequestro revelou a complexa estrutura da organização criminosa, que operava tanto dentro quanto fora do sistema penitenciário. As investigações apontaram que o apenado recolhido exercia papel de liderança no grupo, coordenando as ações criminosas através de aparelhos celulares. Ele mantinha contato direto com os executores do crime, orientando desde o planejamento até a execução do sequestro.

A investigação demonstrou que a organização criminosa havia se preparado durante semanas, tentando por duas vezes arrebatar o casal, sem sucesso. Além disso, uma funcionária do supermercado das vítimas, ficou responsável por fornecer informações sobre sua rotina, chegando a fotografá-la, momentos antes do arrebatamento. As imagens do sistema de monitoramento do estabelecimento comercial captaram o exato momento em que a funcionária registrava a saída da vítima. Em seguida, ela transmitiu essas informações aos sequestradores, possibilitando, minutos depois, o arrebatamento.

Durante o período em que as vítimas permaneceram em cativeiro, os criminosos demonstraram extrema frieza e organização, ameçando as vítimas com arma de fogo, a todo tempo, e coagindo seus familiares a realizar pagamento, sob pena de executá-las.

Na ocasião dos fatos, após a atuação da 1ª DR/Deic, em apoio da Brigada Militar, a polícia prendeu quatro pessoas em flagrante delito pelo crime de extorsão mediante sequestro. Em seguida, as vítimas foram soltas em uma área rural da RS 030, em Santo Antônio da Patrulha.

Aprofundamento das investigações

Com o aprofundamento das investigações, a polícia identificou mais 13 criminosos envolvidos nesta extorsão mediante sequestro. Além disso, o suspeito, de dentro do sistema prisional, objetivava realizar mais dez sequestros, demonstrando a dimensão das pretensões criminosas da organização.

Segundo a Delegada Isadora Galian, a investigação identificou que os próximos alvos dos criminosos seriam um médico e uma “influencer”. A polícia encontrou, inclusive, materiais sobre as suas rotinas e detalhe da residência daquele, nos materiais apreendidos pela Polícia Civil.

“As identidades de ambos não serão divulgadas e eles serão oportunamente intimados para tomar ciência dos fatos”, esclareceu a Delegada Isadora.

Nas conversas interceptadas, os criminosos chegaram a detalhar métodos de tortura que utilizariam caso as vítimas não colaborassem, incluindo ameaças de mutilação. Em uma das gravações, um dos integrantes sugere “arrancar o dedo” da vítima para forçar a abertura de um cofre.

Um dos participantes do sequestro, o qual já possuía passagens policiais pelos crimes de homicídio, roubo a estabelecimento comercial, porte de arma de fogo, entre outros crimes, chegou a sugerir “eliminar a velha” em referência à vítima, propondo “cavar uma cova” para se desfazer do corpo, corroborando que estavam dispostos a matar as vítimas, se fosse necessário.

O grupo criminoso também demonstrou capacidade de adaptação e planejamento logístico sofisticado, já que dispunham de veículos clonados, uniformes falsificados da Polícia Civil, equipamentos de comunicação como giroflex, além de armas de fogo.

“A operação de hoje visa, não apenas prender os responsáveis pelo sequestro do casal de idosos, mas também desarticular toda a estrutura da organização criminosa, impedindo a prática de novos crimes e garantindo que os responsáveis respondam pela gravidade de seus atos”, explicou o Diretor do Deic, Delegado João Paulo de Abreu.