CIÊNCIA

UFRGS descobre pegadas inéditas de dinossauros com melhor preservação já registrada na Formação Guará

Descoberta na Fronteira Oeste inclui pegadas de quatro grupos de dinossauros e novo registro de Ankylosauria

Foto: Acervo da pesquisa/Divulgação
Foto: Acervo da pesquisa/Divulgação

Porto Alegre e Rio Grande do Sul - Pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) descobriram novas pegadas de quatro grupos de dinossauros, entre elas a com melhor estado de preservação já encontrada na Formação Guará. Os achados ocorreram durante visitas técnicas na cidade de Rosário do Sul, na Fronteira Oeste.

Além disso, as descobertas também apontam o segundo registro de Ankylosauria, um grupo de dinossauros herbívoros, quadrúpedes e com membros curtos e poderosos. As pegadas, também chamadas de icnofósseis, registram vestígios de atividades de organismos que viveram no passado e que ficaram preservados em rochas e sedimentos.

Descobertas viraram artigo

As descobertas estão no artigo Dinosaur tracks from the Guará Formation (Brazil) shed light on the biodiversity of a South American Late Jurassic humid desert (Pegadas de dinossauros da Formação Guará (Brasil) lança luz sobre a biodiversidade de um deserto úmido do Jurássico Superior na América do Sul – tradução livre). Os pesquisadores publicaram o estudo recentemente na revista Journal of South American Earth Sciences

Além disso, o estudo faz parte da pesquisa de doutorado de Denner Deiques Cardoso do PPGGeo (Programa de Pós-Graduação em Geociências). O trabalho contou com a colaboração dos professores do Igeo/UFRGS (Instituto de Geociências) Paula Dentzien Dias Francischini e Heitor Roberto Dias Francischini, além do egresso da UFRGS e atual professor da Universidade Federal de Uberlândia André Barcelos Silveira.

Ao longo dos últimos anos, têm aflorado das rochas da Formação Guará fósseis que registram traços de vertebrados e invertebrados, com destaque para as pegadas de dinossauros atribuídas a terópodes, saurópodes, ornitópodes e anquilossauros. A publicação ainda discute questões tafonômicas e aspectos de preservação das pegadas, uma vez que elas são majoritariamente undertracks.

Importância da pesquisa para a Universidade

Paula reforça que pesquisas dessa natureza, feitas dentro das universidades federais, mostram aos pesquisadores a idade da rocha e, consequentemente, a qual tempo geológico aquele fóssil pertence. “Isso nos dá informações muito importantes para nos ajudar a encontrar petróleo, por exemplo. Esse fóssil é como se fosse uma das peças do quebra-cabeça para encontrarmos os recursos naturais no planeta”, diz ela.

Outra função dos fósseis é ajudar os cientistas a entenderem como a vida evoluiu no planeta Terra e como os dinossauros se comportaram com as mudanças climáticas que ocorreram. “São informações que nos ajudam a entender o que vai acontecer com a Terra de agora em diante, com a crise climática”, pontua Paula.

O acervo pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h, no Museu de Paleontologia da UFRGS, localizado no Campus do Vale.