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Vinhos do extremo sul gaúcho ganham indicação geográfica

Os vinhos tintos, brancos, rosé e espumantes produzidos na região da Campanha Gaúcha, no extremo sul do Brasil, próximo às fronteiras do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina, foram reconhecidos com identificação geográfica própria pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

A decisão, que atribui indicação de procedência, foi anunciada no início de maio, e garante selo de autenticidade à produção de 18 vinícolas que atuam em 14 municípios contornados pelas regiões da Serra do Sudeste, Missões e Depressão Centrada.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Campanha Gaúcha é o segundo polo de produção nacional de vinho, com 31% da produção, atrás apenas da Serra Gaúcha que concentra 59% de toda a produção do país.

No ano passado, os 1.512 hectares das vinícolas renderam mais de 5,6 milhões de litros de vinho. O regulamento do uso da indicação de procedência expedido pelo Inpi prevê a produção de vinhos com até 36 tipos de uvas (cultivares de Vitis vinífera).

Na produção do vinho tinto, o destaque é para a uva Cabernet Sauvignon. No caso do vinho branco e dos espumantes, há proeminência da uva Chardonnay. Segundo especialistas da Embrapa, o vinho tinto da região tem cor com “matiz-vivo rubi claro”. Os vinhos brancos têm “matiz palha ou amarelo-claro” e os espumantes são de “coloração clara ou rosé”.

Clima, solo e relevo propícios

A Campanha Gaúcha está entre as coordenadas 29ª e 32ª de latitude sul, faixa de outras regiões vitivinícolas da Argentina, Uruguai, Chile, África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. As parreiras das uvas estão em grandes extensões de baixa declividade, o que favorece a mecanização da colheita, barateia custos e possibilita maior escala de produção.

A área é ensolarada, mais quente e com menor volume de chuvas do que outras regiões produtoras no sul do Brasil.

“Nós temos clima, solo e relevo que são propícios. Os solos daqui são muito drenados e recebem pouca chuva. Propicia melhor qualidade da fruta que sai do parreiral”, assinala Clori Peruzzo, presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha.

A maioria das vinícolas (15 das 18) são de pequeno porte, com oito empregados em média, o triplo na época da colheita – que inicia em janeiro, com a retirada da uva Chardonnay, e termina em abril com o colhimento da uva Cabernet Sauvignon. Segundo Peruzzo, o porte das vinícolas faz com que “não concorram com grande produção, mas com qualidade.”

Além da comercialização do vinho, há expectativa entre os produtores que a indicação geográfica atraia outros negócios. De acordo com o Ministério do Turismo, o município de Bento Gonçalves, grande polo brasileiro do vinho, tem 800 mil turistas registrados anualmente, e recebe mais de 350 mil no período de colheita da uva.

Vinhos do extremo sul gaúcho ganham indicação geográfica
Vinhos do extremo sul gaúcho ganham indicação geográfica

Vinhos do extremo sul gaúcho ganham indicação geográfica – Marcello Casal JrAgência Brasil

Outras indicações

A Campanha Gaúcha é a sétima região a registrar no Inpi indicação geográfica para a produção de vinhos. Apenas uma dessas está fora do Rio Grande do Sul – a Vales da Uva Goethe, em Santa Catarina.

Além das indicações geográficas já atribuídas outras três estão em fase de estruturação com apoio da Embrapa: mais uma no território gaúcho, em Altos de Pinto Bandeira; outra no Planalto Catarinense; e a terceira no Vale do São Francisco, no eixo Petrolina e Juazeiro, entre Pernambuco e Bahia.

“As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa evidenciam que o Brasil pode elaborar excelentes vinhos, em diferentes territórios e biomas. É uma geografia bastante diversificada, mas cada uma incorporando características e tipicidades diferentes.”, aponta Mauro Celso Zanus, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS).