Um homem foi preso em uma operação que investiga trabalhadores submetidos a regime de trabalho análogo à escravidão. Mais de 100 homens foram encontrados em condições degradantes em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha. O número total de resgatados não foi divulgado pelas autoridades.
Conforme a PRF (Polícia Rodoviária Federal), a ação foi realizada após três trabalhadores procurarem policiais na Unidade Operacional da corporação em Caxias do Sul. Eles relataram que tinham acabado de fugir de um alojamento em que eram mantidos contra sua vontade.
Os policiais rodoviários acionaram o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e a PF (Polícia Federal) para deslocar ao endereço indicado e confirmar a informação dos trabalhadores. Ao chegarem ao local, os policiais e os auditores do trabalho confirmaram a denúncia e encontraram cerca de 150 homens em situação análoga à escravidão.
O responsável pela empresa foi preso e encaminhado para a Polícia Federal em Caxias do Sul e, posteriormente, encaminhado para o presídio de Bento Gonçalves. Ele tem 45 anos de idade e é natural de Valente (BA). O preso seria o responsável pelas contratações dos homens que trabalhavam na colheita da uva.
A empresa possui contratos com diversas vinícolas da região. O MTE irá analisar individualmente os direitos trabalhistas de cada trabalhador para a buscar a devida compensação financeira.
O galpão que foi transformado em dormitório foi interditado por apresentar problemas de segurança em instalações elétricas, superlotação e péssimas condições de higiene.
Vítimas relatam violência e coação
Esses homens, a maioria proveniente da Bahia, eram recrutados nos seus estados de origem para trabalhar no Rio Grande do Sul. Ao chegar no local, encontravam uma situação diferente das prometidas pelos recrutadores.
Além disso, os trabalhadores relataram diversas situações que passavam, tais como atrasos nos pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas de trabalho, além de receberem alimentos estragados. Também disseram que eram coagidos a permanecer no local sob pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho.
Outra denúncia é que só podiam comprar comida em um estabelecimento comercial, que tinha preços superfaturados. No fim do mês, ficavam devendo ao mercadinho.
Nesta quinta-feira (23), os trabalhos são para identificação dos trabalhadores e coleta de depoimentos. O Serviço Especializado em Abordagem Social também está no local prestando apoio. A prefeitura do município deve montar um alojamento temporário para as vítimas.