DADOS PÚBLICOS

Secretaria da Fazenda divulga relatório da dívida pública do RS

O relatório mostra que o saldo da dívida do Rio Grande do Sul alcançou R$ 93,6 bilhões em 2022.

Imagem do Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul. Foto: Rosana Klafke/Agora RS

O Tesouro do Estado divulgou, nesta sexta-feira (12/5), no auditório do campus da Unisinos, em Porto Alegre, o Relatório Anual da Dívida Pública do Rio Grande do Sul de 2022.

O documento foi elaborado pela Sefaz RS (Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul). “A publicação traça uma radiografia do perfil das obrigações financeiras ao longo do ano passado, resgata o histórico da composição dos compromissos assumidos em operações de crédito e projeta a influência do Regime de Recuperação Fiscal nos pagamentos programados para os próximos anos”, disse o governo do Estado.

O relatório mostra que o saldo da dívida do Rio Grande do Sul alcançou R$ 93,6 bilhões em 2022, o que corresponde a um aumento de 8,7% em relação ao ano anterior, elevação decorrente sobretudo por conta do crescimento do índice de correção monetária.

De acordo com o documento, a dívida pública fundada do Estado é constituída atualmente por 17 contratos de empréstimos. Entre esses, nove são oriundos de operações nacionais (dívida interna) e oito, internacionais (dívida externa), além de parcelamentos de débitos previdenciários, outras contribuições sociais e precatórios.

A relação entre Dívida Consolidada Líquida (DCL) e Receita Corrente Líquida (RCL) atingiu o patamar de 199% no ano passado, aproximando-se do limite de 200%. O aumento é reflexo dos impactos da Lei Complementar 194/22, aprovada pelo Congresso Nacional, que limitou a alíquota geral do ICMS a 17% para combustíveis, comunicação e energia elétrica, provocando uma queda de R$ 3,04 bilhões na arrecadação do Estado em 2022.

O serviço efetivo da dívida pública, que compreende o pagamento de juros, amortizações e comissões sobre os empréstimos, atingiu o valor de R$ 881 milhões em 2022. Em comparação ao ano anterior, houve uma queda nominal de 4,9%.

A soma dos pagamentos à União foi de R$ 635 milhões, o que representa 73% dos desembolsos do Estado. Caso não houvesse o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), os pagamentos ordinários da dívida seriam de R$ 4,8 bilhões no ano passado.

Em relação aos compromissos com precatórios, o Estado efetivou o pagamento de R$ 800 milhões no ano anterior, um crescimento de 15,5% em relação a 2021.

O estoque do saldo de precatórios experimentou aumento de 8%, alcançando o montante de R$ 16,5 bilhões, elevação que está relacionada ao índice de correção monetária, atrelado à taxa Selic. Também houve aumento dos desembolsos via Câmara de Conciliação, que foram de R$ 202,7 milhões em 2021 para R$ 364,5 no ano passado – uma ampliação de 80%.

Correção da dívida

Para a secretária da Fazenda, Pricilla Santana, o redesenho das metas e compromissos do programa de refinanciamento, em especial a mudança do índice de correção da dívida, precisa ser ajustado à nova situação fiscal dos entes federativos e ao contexto monetário do governo federal.

Com a aprovação da Lei Complementar 148, em 2014, a dívida estadual com a União passou a ser corrigida anualmente pelo chamado Coeficiente de Atualização Monetária (CAM), calculado com base no menor índice entre a variação mensal acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) + 4%, limitado à taxa Selic. Em 2022, a correção acumulada alcançou o percentual de 7,1%. Para este ano, a projeção é que o índice alcance cerca de 9%.

De acordo com Eduardo Lacher, subsecretário do Tesouro do Estado, ainda que tenha ocorrido uma melhora significativa no quadro de sustentabilidade financeira do Estado após a homologação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), as projeções do perfil da dívida junto à União ainda são um ponto de atenção.

“A preocupação recai principalmente sobre o índice de correção monetária aplicado, que entendemos ser volátil e elevado, fazendo com que a correção da dívida seja elevada a patamares que extrapolam a capacidade de pagamento do Estado”, ressaltou.

Para 2023, o cronograma de pagamentos estabelecido no RRF prevê que o serviço mensal da dívida será de R$ 2,1 bilhões, dos quais 96% são referentes a desembolsos para a União e o restante para outras dívidas.