REGIÃO METROPOLITANA

Seapi investiga aumento de casos de doença transmitida por gatos no RS

Na Região Metropolitana, os casos humanos aumentaram em 500% nos últimos três anos

A Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS) está investigando a ocorrência de uma doença causada por fungos cujos principais hospedeiros são felinos, especialmente os gatos de rua ou errantes. Trata-se do fungo do tipo Sporothrix spp, que pode ser transmitida entre animais e humanos.  

O fungo geralmente entra no organismo por meio de ferimentos na pele, causados por arranhões ou mordidas de gatos infectados. A transmissão também pode ocorrer pelo contato com solo ou material orgânico contaminado.  

“É alarmante a quantidade de casos no Estado: na Região Metropolitana, os casos humanos aumentaram em 500% nos últimos três anos. Nossa motivação para a pesquisa é que, com o crescente aumento de casos de esporotricose, possamos ter outros animais que sejam acometidos pela doença”, explica o pesquisador Flávio Silveira, coordenador da linha de pesquisa em esporotricose no IPVDF (Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor).

A pesquisa é capitaneada pelo centro, que se aliou ao município de Guaíba para caracterizar o perfil dos animais acometidos pela enfermidade, os bairros mais atingidos e a prevalência atual da doença. A intenção é desenvolver políticas públicas de enfrentamento.

Em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o IPVDF foi contemplado em um edital do CNPq para o desenvolvimento da linha de pesquisa específica sobre esporotricose. O objetivo do projeto aprovado é conduzir trabalhos de genotipagem e resistência dos isolados do fungo, associado à epidemiologia da doença, na Região Metropolitana de Porto Alegre. 

Agropecuária

Em publicação recente do Informativo Técnico do DDPA/Seapi (Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária), o grupo de pesquisadores do IPVDF e da UFPel analisou a relação da esporotricose com a agropecuária. Embora não haja dados consolidados sobre a doença no setor, certos aspectos da atividade a tornam vulnerável à esporotricose, como o contato com o solo e material orgânico e a presença de gatos soltos em propriedades rurais. 

“Queremos também investigar mais o papel dos equinos na cadeia epidemiológica. Já há relatos no Centro-Oeste de cavalos que se contaminaram com o esporo, no contato com gatos que tinham acesso às baias dos animais”, conclui Silveira.