A Secretária da Saúde, Arita Bergmann, assinou nesta quarta-feira (28), a Portaria 341/2021, que declara Emergência em Saúde Pública de Importância Estadual no Rio Grande do Sul em decorrência da confirmação da circulação do vírus da febre amarela.
Durante a reunião virtual, também foi anunciada a criação do COE (Centro de Operações em Emergência) de Arboviroses, com a participação de representantes da Famurs (Federação dos Municípios do RS) e do Cosems (Conselho das Secretarias Municipais de Saúde).
Foi divulgada, ainda, a publicação de um manual com orientações sobre as arboviroses (que são doenças transmitidas por mosquitos infectados, como a febre amarela, dengue, chiKungunya e zika vírus).
O último Informativo Epidemiológico de arboviroses, referente ao período de 18 a 24 de abril, apresenta 23 municípios gaúchos com circulação do vírus confirmada.
“Este grupo, considerado área vermelha, é formado por municípios onde foram encontrados primatas mortos, contaminados por mosquitos de áreas silvestres que transmitem o vírus da doença”. ressaltou a Secretaria Estadual da Saúde.
“Outros 72 municípios, situados no entorno, são considerados de área amarela, com riscos de também virem a ter circulação do vírus. Até agora, a doença não foi detectada em humanos”, completou.
“O Rio Grande do Sul está em situação de alerta, já temos uma epidemia de dengue, agora estamos em situação de emergência com relação à febre amarela”, declarou Arita.
“É necessário, neste momento, uma efetiva integração da rede de atenção à saúde com as Coordenadoria Regionais de Saúde e gestores municipais de saúde. Além da preocupação com o coronavírus, que estamos enfrentando há mais de um ano, precisamos ficar atentos, evitando que outras epidemias cheguem ao Rio Grande do Sul”, ressaltou a secretária.
Febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, que pode ser silvestre ou urbana. O vírus é transmitido por mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. Os casos que ocorrem no Brasil são silvestres, quando o vírus é transmitido por mosquitos que vivem em áreas de mata.
Desde 1942, não existem casos de febre amarela urbana, transmitida pelo Aedes aegypti. Em área de matas, a morte de primatas não humanos (epizootias) servem de sentinelas da chegada do vírus em determinada região.
O Rio Grande do Sul não registrava a presença do vírus causador da febre amarela desde 2009. Em janeiro de 2021, foi confirmado o caso de um bugio morto no município de Pinhal da Serra, na Região Serrana, próximo à divisa com Santa Catarina.
“Desde que foi constatada a circulação do vírus da febre amarela pela presença de primatas mortos, as equipes estão presentes no campo para localizar e monitorar todos os episódios, que vêm sendo registrados por 12 semanas consecutivas desde janeiro”, informou o biólogo do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Marco Antonio Barreto de Almeida.
No período de julho de 2020 a 26 de abril de 2021, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde registrou 266 casos de macacos mortos.
Para enfrentar a disseminação da febre amarela, o especialista afirma que “precisamos vacinar a população, investigar presença de primatas mortos e também proteger os primatas, por não serem responsáveis pela transmissão dos vírus aos humanos”.
Prevenção e Imunização
A chefe da divisão de Vigilância Epidemiológica, Tani Ranieri, salientou que “a estratégia de vacinação deve ser intensificada imediatamente para elevar as coberturas em áreas vermelhas e amarelas, principalmente pessoas residentes em áreas rurais, silvestres e periurbanas, onde as atividades rurais e urbanas se misturam”.
A vacina contra a febre amarela faz parte do calendário do Programa Nacional de Imunizações e pode ser encontrada nas Unidades de Saúde da Atenção Primária.
Para a prevenção, Tani ressaltou que é preciso também capacitar a rede de atendimento para a sensibilização sobre as características específicas das arboviroses e possibilitar o tratamento precoce.
“Os sinais e sintomas de várias doenças se interpõem, mas é preciso que os profissionais de saúde reconheçam diferenças, como no caso da covid-19, onde a falta de olfato e paladar é o principal diferencial.”
Tani explicou que o calendário vacinal prevê a primeira dose aos nove meses e um reforço aos quatro anos. A partir dos cinco até os 59 anos, a vacina é dose única.