Um trabalho de vigilância genômica detectou 25 casos de uma nova cepa do coronavírus no Rio Grande do Sul. O vírus apresenta uma mistura do genoma de duas linhagens da variante Ômicron: BA.1 e BA.2.
Chamada de XQ, a cepa já tinha sido detectada em casos isolados em Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Porém, os dados de sequenciamento indicam que o Rio Grande do Sul é o primeiro estado onde há um ponto de transmissão local do vírus.
Segundo a Fiocruz, os primeiros casos foram identificados em sequenciamento genético realizado pelo CEVS (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) da SES (Secretaria Estadual de Saúde) do Rio Grande do Sul.
Os demais sequenciamentos foram conduzidos pela Fiocruz em parceria com o Lacen-RS (Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul).
“A identificação ocorreu em diferentes municípios gaúchos, o que sugere uma transmissão local da recombinante XQ no estado”, afirma Paola Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz).
De acordo com Paola, até o momento, não há indicação de que o vírus esteja associado a maior gravidade de casos uma vez que a população apresenta boas taxas de vacinação e muitos já foram expostos a infecções prévias. No entanto, permanece necessário monitorar sua evolução.
Crescimento
Os casos foram identificados através da análise de amostras referentes aos meses de março a maio, com crescimento gradual: em março, foram detectados dois casos, representando 0,3% dos 324 genomas sequenciados; em abril, oito casos, correspondendo a 8% dos 98 sequenciamentos; e em maio, 15 detecções, o que representou 7% dos 109 casos analisados.
Casos da recombinante XQ já foram detectados mundialmente, em especial no Reino Unido, com depósito de genomas no banco de dados Gisaid. As sequências genéticas das amostras decodificadas no RS também já estão disponíveis plataforma.
“Ainda temos poucos dados genômicos disponíveis de abril e maio. O genoma da cepa XQ apresenta um trecho do código genético da linhagem BA.1 da variante Ômicron e um trecho da linhagem BA.2. São duas linhagens de uma mesma variante de preocupação, por isso, precisamos monitorar o que vai acontecer”, ressalta a virologista.
Detectada no Brasil a partir de novembro de 2021, a Ômicron atualmente responde por quase 100% dos casos no país, com predomínio das linhagens BA.1 e BA.2 e suas sublinhagens. Confira o painel sobre os genomas do Sars-CoV-2 no Brasil produzido pela Rede Genômica Fiocruz.