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Reconstituição do Caso Miguel é concluída sob protestos e pedidos de justiça em Imbé

A Polícia Civil e o IGP (Instituto-Geral de Perícias) concluíram, por volta das 22h30 da noite de ontem (8), a reconstituição dos fatos que levaram ao desaparecimento do menino Miguel, em Imbé. A reprodução simulada dos fatos durou cerca de cinco horas e terminou sob gritos de moradores. Uns pediam justiça, outros xingavam a acusada de cometer o crime.

Durante a simulação do que ocorreu no dia 29 de julho, os policiais e peritos do IGP estiveram no apartamento onde teria ocorrido o assassinato. Depois, refizeram o trajeto entre a residência e a beira do rio Tramandaí, onde o menino Miguel teria sido jogado pela mãe. O cadáver da criança não foi encontrado, mesmo após 48 dias de buscas intensas.

Os policiais reproduziram como teria sido o transporte de Miguel dentro da mala. Para simular a dinâmica dos fatos, peritos do IGP trouxeram um boneco com as mesmas medidas – altura e peso – de Miguel.

Conforme o delegado Ractz Júnior, Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23, manteve o que havia relatado antes. “Ela confirmou aquilo que havia apresentado como sua versão, de que a criança foi espancada no apartamento pela mãe”, afirmou. O titular da Delegacia de Imbé apontou que, embora a reconstituição não trouxesse nada novo, a reprodução foi importante. “Essa diligência é importante para que tenha laudo pericial”, concluiu.

Bruna e a mãe de Miguel, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26, estão presas por pelos crimes de homicídio, tortura e ocultação de cadáver. A Justiça Estadual já aceitou a denúncia do Ministério Público, o que torna as duas rés pelos crimes. Elas devem ser julgadas, provavelmente, ano que vem.

A mãe do menino, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, não irá participar da reprodução simulada dos fatos. Depois de confessar o crime na Delegacia de Polícia, ela passou a afirmar que é inocente e que não sabe o que aconteceu com o próprio filho. O advogado de defesa disse que ela só deve se pronunciar no interrogatório.

Além da reprodução simulada dos fatos, as audiências de instrução devem ocorrer em 18 e 19 de novembro, na 1ª Vara Criminal de Tramandaí, também no Litoral Norte. O interrogatório das rés deve ser no dia 19. Também serão ouvidas 23 testemunhas.

O Ministério Público afirma que o menino vivia sob agressões e violência, e que foi assassinado porque as mulheres o consideravam um “empecilho”.

Durante as investigações, a Polícia Civil obteve mandados para inspecionar os telefones das acusadas. Dois vídeos que já estão em posse da polícia mostram que o menino Miguel era torturado física e psicologicamente. “A criança passava o dia trancada em um roupeiro e era obrigada a segurar a vontade de urinar”, afirmou o delegado Antônio Carlos Ratcz, que lidera a investigação. “Quando ela fazia isso, ela era castigada, apanhava. Se ela saísse do roupeiro, ia para um poço de luz. Essa criança vivia um inferno”, constatou.

Como foi o crime, segundo a polícia

A Polícia Civil prendeu uma mulher em flagrante delito após ela confessar que dopou e jogou o corpo do próprio filho, de 7 anos, em um rio. O caso ocorreu em Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, no dia 29 de julho. A criança segue desaparecida e o Corpo de Bombeiros faz buscas pelo menino.

Conforme o delegado Antônio Carlos Ratcz, que preside a investigação, a mulher buscou a Delegacia de Polícia para registrar o desaparecimento do menino. No entanto, quando foi questionada de como ele teria sumido, acabou confessando que dopou a criança com um antidepressivo e a colocou dentro de uma mala com rodinhas. Depois, saiu de casa, na área central de Imbé, e foi com a companheira até o rio Tramandaí.

A mulher afirmou que tirou o corpo do menino da mala e o jogou no rio, em uma das noites mais frias do ano de 2021 no Rio Grande do Sul. Aos policiais, ela afirmou que não sabe se o menino estaria vivo ou morto. Ao ser questionada pelos policiais por qual motivo teria dopado o filho, a mulher respondeu que ele era “teimoso” e que “se recusava a comer”. Ela confessou que já teria feito várias torturas tanto físicas quanto psicológicas contra a criança. A mulher ainda afirmou que já tinha preparado até uma peça na casa onde viviam para acorrentar o filho com cadeados.