Lideranças do IGCC (Instituto de Governança e Controle do Câncer) e entidades parceiras anunciaram que Porto Alegre será a primeira cidade brasileira a ter projeto piloto das Guias, que irão padronizar o tratamento às pessoas acometidas com câncer de mama e de próstata.
O anúncio do projeto foi feito pela presidente do IGCC, Maira Caleffi, durante painel que abordou “O Presente e o Futuro da Oncologia no Brasil”, em Porto Alegre.
Ao dirigir-se ao prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, presente no debate, Maira, que é mastologista, ressaltou a importância da parceria entre o IGCC e a prefeitura da Capital.
“É fundamental este trabalho em conjunto com a gestão pública”, ressaltou. Maira aproveitou a oportunidade para pleitear a criação de um fórum permanente na secretaria municipal da saúde e teve o pedido atendido pelo prefeito, que propôs incluir esta temática em uma das reuniões no Paço. “A parceria é o nosso DNA”, afirmou Melo.
“Precisamos do endosso da prefeitura, através dos centros de câncer em Porto Alegre, para que estes centros recomendem o uso das Guias de padronização do tratamento”, Completou a médica.
Maira também destacou que, após fazer o projeto piloto em Porto Alegre, a ideia é estendê-lo ao resto do Brasil e, em uma segunda etapa, criar Guias para padronização do tratamento aos pacientes com câncer de colo do útero, pulmão e melanoma.
Câncer de mama
De acordo com Maira, a primeira ação deve ser promover a educação sobre o câncer de mama, ter uma atenção primária, treinar a comunidade para fazer o autoexame.
A seguir, vem a necessidade do diagnóstico precoce. Assim que a mulher entra no sistema, ela tem o período máximo de 60 dias para ter o diagnóstico, pois a Lei 12.732/12 garante ao paciente com alguns tipos de câncer o direito de iniciar o tratamento no SUS.
E a terceira etapa prevê que 80% das pacientes recebam um cuidado multidisciplinar, ou seja, tenham um corpo clínico completo para fazer o acompanhamento.
Já o chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio a Organização de Rede no Instituto Nacional de Câncer, Arn Migowski, apresentou dados que sustentam que a desigualdade social interfere diretamente no acesso aos exames.
“Quanto mais pobre a população, menor a taxa de rastreamento”, afirmou. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), em 2019, 24,2% das mulheres entre 50 e 69 anos nunca fizeram qualquer tipo de exame para detecção do câncer de mama.
A diretora regional para América Latina do C/Can (City Cancer Challenge), Maria Fernanda Navarro, enfatizou que as parcerias, inclusive as que envolvem a gestão pública, realmente funcionam.
“Iniciamos nosso trabalho em Porto Alegre, em 2019, e estamos com muito orgulho das conquistas da cidade”, ressaltou a médica.
Para o líder técnico global do C/Can, Rolando Camacho, é um grande desafio se tornar “uma cidade C/Can”, e Porto Alegre conseguiu isso. Ele afirmou a necessidade de se ter os estágios precoces para o tratamento.
“Não podemos fazer diagnóstico precoce sem a assistência primária”, ressaltou o médico.