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Polícia desarticula facção gaúcha que lavava dinheiro do tráfico de drogas

Grupo pretendia roubar helicóptero para transportar drogas e tentou eleger deputado estadual nas últimas eleições.

Uma operação foi realizada nesta quinta-feira (13) para desarticular uma facção criminosa que realizava lavagem de dinheiro a partir do tráfico de drogas. A Operação Chicago foi deflagrada em dez cidades do Rio Grande do Sul e na praia de Itapema, em Santa Catarina. A organização, chamada “Os Manos”, tem atuação nos dois estados e surpreendeu a polícia.

A investigação apurou que a organização criminosa atuava como uma empresa. A partir do dinheiro da venda de drogas, eram adquiridos, principalmente, armas, munições e veículos clonados. A estimativa é de que a facção tenha movimentado R$ 17,3 milhões.

Os criminosos “lavavam” o dinheiro obtido por meio do tráfico de drogas na compra de imóveis, carros, lanchas e aeronaves. O dinheiro ilícito também era usado para compra de dólares norte-americanos e na criação de empresas de fachada. Foram investigados e sequestrados 19 imóveis – avaliados em cerca de R$ 15 milhões – e 48 veículos, que totalizam R$ 2,3 milhões.

A organização criminosa pretendia, ainda, colocar um de seus integrantes para fazer aulas de vôo de helicóptero. A intenção era roubar a aeronave durante o curso, para utilização no transporte de drogas.  Policiais também apuraram que a facção ocultava drogas dentro de sacas de grãos, cujos fornecedores nunca foram pagos.

A operação terminou com oito criminosos presos. Foi apreendido, durante as diligências, uma pistola, um revólver, munições e cheques, além de dois carros de luxo. Em dinheiro, foram apreendidos cerca de R$ 55 mil e U$ 1,7 mil.

Tentativa na política

A Polícia Civil apurou, também, que um dos membros da organização criminosa foi candidato nas últimas eleições a deputado estadual. Para os investigadores, a candidatura representa que a organização criminosa possuía intenção de ter atuação na política.

Edson de Souza Galho, o Edinho, de 44 anos, foi preso em Canoas. O homem, que é filiado ao PROS (Partido Republicano da Ordem Social) atua como empresário. Em 2018, ele concorreu a deputado estadual pelo partido, mas teve sua candidatura considerada inapta e não recebeu votos.

Operação Chicago

Policiais investigaram origem do dinheiro sujo que a facção utilizava. Foto: Polícia Civil/Divulgação

O nome da operação, “Chicago”, foi inspirado no foco da operação: o combate ao crime de lavagem de dinheiro. De acordo com a Polícia Civil, trata-se de uma referência a Chicago, nos Estados Unidos, onde houve uma atuação pioneira de combate a lavagem de capitais.

Um efetivo de 220 policiais civis e 80 viaturas foi empregado na operação, além do helicóptero da corporação. Foram realizadas diligências em Canoas, Porto Alegre, Sapucaia do Sul, Nova Santa Rita, Gravataí, Estância Velha, São Leopoldo, Imbé e Capão da Canoa. Diligências também foram realizadas na praia de Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina.

Foram cumpridas 151 ordens judiciais, sendo 40 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão preventiva, 38 bloqueios de contas-correntes, 19 sequestros de imóveis e 48 restrições de veículos. Policiais civis catarinenses deram apoio à equipe gaúcha.

A ação foi coordenada pela 3ª DP de Canoas, sob comando do delegado Rodrigo Caldas. A investigação que desencadeou na operação desta quinta-feira durou cerca de um ano e meio.