Operação Ultor

Polícia Civil mira quadrilha responsável por execuções no Vale do Sinos

Quadrilha é investigada por ao menos 10 mortes ocorridas em São Leopoldo. Em um dos casos investigados pela polícia, uma sessão de tortura foi transmitida via videochamada para criminosos que estão presos

Crédito: Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil, através da Delegacia de Homicídios de São Leopoldo, deflagraram na manhã desta quinta-feira a Operação Ultor. A operação, coordenada pela delegada Mariana Studart, investiga homicídios e tentativa de homicídio cometidos desde janeiro deste ano no município do Vale do Sinos. A ação conta com apoio da Brigada Militar.

Ao todo, foram cumpridas 43 ordens judiciais, sendo 31 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão temporária. Até as 9h da manhã 13 pessoas haviam sido presas, pois houve prisões em flagrante além do cumprimento dos mandados. Ordens judiciais também foram cumpridas em Montenegro e na PEJ (Penitenciária Estadual do Jacuí), em Charqueadas.

Em uma das residências alvo da polícia, foram encontrados cerca de R$ 300 em dinheiro em espécie. Quatro armas, munições e drogas foram apreendidas. A quadrilha investigada seria, segundo as investigações, a responsável por dez mortes ocorridas em São Leopoldo desde o início do ano. Uma tentativa de homicídio também é investigada.

Segundo as investigações, a quadrilha tentava impor no bairro o chamado “tribunal do tráfico” na área de atuação do grupo. Se tornam alvo rivais na venda de entorpecentes, quem deve para os traficantes e quem comete crimes no bairro. No entanto, também são alvo moradores que não aceitam a dominação dos traficantes ou a venda de drogas perto de suas casas.

Crédito: Polícia Civil / Divulgação

Entre os crimes investigados está a tentativa de homicídio cometida contra uma jovem. Ela foi atacada e baleada por cinco integrantes da quadrilha no dia 7 de janeiro. A vítima foi mantida em cárcere privado e torturada, tendo sido agredida com facadas e atingida por disparo de arma de fogo. O ataque foi assistido, por meio de chamada de vídeo, por presos. Após as agressões, a vítima teria sido retirada do local e levada ao bairro Morro do Paula, onde foi deixada em um ponto de tráfico para servir de “recado” aos moradores. A jovem só sobreviveu porque fingiu estar morta.

Além desse crime, a polícia já conseguiu comprovar mais duas ações do grupo alvo da operação de hoje. Em uma delas, a vítima foi alvejada por mais de 20 disparos de arma de fogo em frente a sua residência no dia 19 de janeiro. A polícia apurou que o crime foi cometido como forma de represália. A vítima teria atingido, com uma arma de pressão, a avó de membros de organização criminosa atuante na região, após discussão em um bar.

O terceiro crime investigado aconteceu nove dias depois, em 28 de janeiro, quando integrantes da mesma organização criminosa entraram na residência da vítima e a atingiram com um disparo de arma de fogo. Posteriormente a enterraram em um matagal. De acordo com a investigação, o crime foi encomendado pela própria companheira da vítima, em virtude de brigas constantes e de suposta prática de estupro por parte da vítima contra a enteada.

Outros assassinatos seguem sendo investigados em busca da identificação da autoria. Denúncias podem ser feitas através do telefone 0800 642 0121, do Departamento de Homicídios da Polícia Civil.