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Polícia Civil combate facção criminosa que fazia lavagem de dinheiro em postos de combustíveis

Ao menos 12 pessoas foram presas na operação da Polícia Civil, sendo seis de forma preventiva e outras seis em flagrante delito. 

Fotos: Carlos Vogt / Polícia Civil RS

A Polícia Civil deflagrou, nesta terça-feira (11), uma megaoperação para combater uma facção criminosa. A quadrilha, com sede no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, fazia uso de postos de combustíveis para a lavagem de dinheiro do crime. Ao menos 12 pessoas foram presas, sendo seis de forma preventiva e outras seis em flagrante delito.

A “Operação Benzina” é da DRLD (Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro), da DCCOR (Divisão Estadual de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro). A delegacia e a divisão fazem parte do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) da Polícia Civil.

Foram cumpridas 475 agentes cumpriram 86 ordens judiciais nas cidades de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Frederico Westphalen, Venâncio Aires, Campo Bom, Sapucaia do Sul, Xangri-lá, Tramandaí e Canoas. Além disso, a Justiça Estadual deferiu medidas de sequestro ou indisponibilidade de bens móveis e imóveis.

O total de bens congelados chega a mais de R$ 18 milhões, através do bloqueio de contas de 41 pessoas físicas e jurídicas, bem como afastamentos de sigilos fiscais e bancários de empresas e suspeitos envolvidos.

Como agia a quadrilha

Conforme a Polícia Civil, o grupo que utiliza a venda de combustíveis, produtos em lojas de conveniência e de eletrônicos para “tornar legal” dinheiro proveniente de crimes, o que é chamado de lavagem de dinheiro. Entre os crimes para obter receitas, estão extorsões, compra e venda de armas de fogo, roubos, receptação e tráfico de drogas. Muitos desses crimes ocorriam na região central de Porto Alegre.

A operação é fruto de uma investigação que se estendeu por aproximadamente dois anos. Os policiais identificaram que os integrantes da organização criminosa depositavam dinheiro de origem ilícita em contas de postos de gasolina, lojas de conveniência e lojas que vendem telefone celular que pertenciam à quadrilha. Depois, juntavam dinheiro vindo do crime com dinheiro de origem lícita e transferiam os recursos a pessoas jurídicas vinculadas à facção.

A administração dos negócios usados na lavagem de dinheiro era feita ou por gerentes da facção que estivessem em liberdade, por familiares ou, ainda, “laranjas”. Um dos investigados se colocava como empresário, mas lavava dinheiro do tráfico de drogas através da venda de aparelhos eletrônicos e da administração de imóveis para terceiros. O homem, que já foi indiciado por crime de homicídio, tem patrimônio que inclui barco, carros importados e imóveis de luxo, todos em nome de outras pessoas.

A facção investigada é aliada a outra que tem sede no Vale do Sinos e está em guerra contra uma terceira, o que tem ocasionado mortes no Estado.

Movimentação de dinheiro vivo chamou atenção

A Polícia Civil diz que, em apenas um dos postos de combustíveis investigados mais de 50% do faturamento de 3 meses foi em dinheiro em espécie. Isso, segundo as apurações policiais, não seria compatível com a atividade normal do mercado para esse ramo. Também foram identificadas transferências de um desses postos de combustíveis para presos e familiares desses, como em um caso de um detento condenado por roubos a agências bancárias e lotéricas.

Conforme as investigações, no período de dois anos, verificou-se que houve em três dos postos de combustíveis e em uma empresa de venda de aparelhos celulares, todos relacionados à facção, movimentações financeiras no montante de, aproximadamente, R$ 18 milhões.

No curso das investigações, um dos gerentes da facção foi assassinado. Após sua morte, um de seus postos de gasolina foi transferido a outra pessoa, vinculada a mesma facção. A Polícia Civil diz que a propriedade foi transferida “de maneira fraudulenta”, para não interromper a continuidade da estrutura empresarial destinada à lavagem de dinheiro. Este homicídio é apurado pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Fotos: Carlos Vogt / Polícia Civil RS