A Polícia Federal confirmou cinco prisões na operação “Operação Acesso Pago”. No rol de presos está o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e dois pastores suspeitos de controlar a agenda e operar um “balcão de negócios” no Ministério da Educação e para liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Os nomes dos pastores-lobistas são Arilton Moura e Gilmar Santos, ambos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Além deles, foram presos na operação Luciano Musse, ex-gerente de projetos da Secretaria Executiva do MEC; e o ex-assessor da Secretaria de Planejamento Urbano da prefeitura de Goiânia, Helder Bartolomeu.
Os dois religiosos não possuem qualquer cargo no governo federal. No entanto, os pastores-lobistas tinham trânsito livre no governo. Eles organizavam viagens do ministro com lideranças do FNDE, intermediavam os encontros com os prefeitos, entre outras atividades.
E foi através de prefeitos que o escândalo foi revelado. Administradores de pequenos municípios afirmaram que os dois pastores cobravam propina para liberar verba para construção de creches ou escolas. Em um caso, chegaram a pedir o pagamento em barras de ouro.
No dia 25 de março, a Folha de S.Paulo publicou um áudio do ex-ministro Ribeiro onde ele afirmava, em uma reunião, que repassava verbas para municípios indicados pelos pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Ribeiro deixou o cargo no fim de março, uma semana após a revelação. Em outro fato, uma bíblia com a foto do então ministro Milton Ribeiro chegou a ser impressa e entregue em algumas cidades onde os prefeitos tinham se reunido com os pastores.
Uma auditoria interna da CGU (Controladoria-Geral da União) apontou indícios de crimes na liberação de verbas pelo MEC. A partir do relatório, foi aberta uma investigação no STF (Supremo Tribunal Federal), mas foi o caso foi transferido para a primeira instância da Justiça após a saída do ex-ministro do cargo. As apurações da Polícia Federal, responsável por investigações de crimes contra a União, prosseguiram em sigilo até a operação desta quarta-feira.
Ribeiro, que foi preso por suspeitas de envolvimento em corrupção passiva e tráfico de influência, será transferido para Brasília, onde deve passar por audiência de custódia na quinta-feira (23). A Justiça Federal negou um pedido da defesa do ex-ministro, que desejava que a audiência de custódia fosse realizada em São Paulo, por videoconferência.
No total, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco prisões preventivas nos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal, além de medidas cautelares como a proibição do contato entre os investigados.