A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (19), uma operação com o objetivo de reprimir o crime organizado e lavagem de dinheiro de organização criminosa responsável por diversos homicídios no Estado. A “Operação Fratelli” ocorre, além do Rio Grande do Sul, em cidades de Santa Catarina.
As cidades alvo da operação de hoje são, no Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Canoas, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo, Campo Bom e Charqueadas. Já em Santa Catarina, as ações ocorrem em Itajaí, Itapema, Balneário Camboriú e Bombinhas.
Dentre as ordens judiciais estão 45 mandados de busca e apreensão, 3 mandados de prisão preventiva, 125 ordens de bloqueios bancários e 23 indisponibilidades de imóveis. O valor dos bens congelados da organização perfaz o montante aproximado de R$ 30 milhões de reais.
“É uma grande movimentação investigativa e de força policial integrada com as demais instituições, para causar prejuízo ao crime organizado que ordena mortes”, disse o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Mario Souza.
Os crimes
A operação foi batizada de “Fratelli” (família em italiano) devido a forma específica de ação criminosa dessa facção. Outro motivo é o fato dos crimes serem cometidos em família por esse braço dessa organização criminosa.
Esse grupo criminoso, que tem por base o Vale dos Sinos, na região metropolitana de Porto Alegre, tem elos com facção nacional sediada em São Paulo e abastecia de drogas os bairros no extremo sul de Porto Alegre e São Leopoldo, lavando o capital oriundo do tráfico em diversos setores da economia formal.
Segundo investigação, essa organização criminosa ordenou mortes em locais como na zona sul da capital.
“Chamam a atenção as ameaças do crime organizado quando tentaram obrigar moradores a pagar um asfaltamento próximo aos pontos de tráfico da facção. A repressão patrimonial às organizações criminosas visa justamente enfraquecê-las, de modo a diminuir seu potencial de cometer crimes letais intencionais contra a vida”, afirmou o delegado Mario Souza.
O líder
O líder dessa célula da organização, que já tem 10 indiciamentos pelo crime de homicídio, 4 pelo delito de tráfico de drogas e pelo crime de participação em organização criminosa, foi preso em um Resort na Praia do Forte, no Estado da Bahia, no ano de 2021. Atualmente, cumpre pena na Penitenciária Modulada de Charqueadas.
Segundo a Polícia Civil, em uma mensagem de texto, o indivíduo ostenta que possuiria, só em um local, mais de 30 apartamentos, fazendo isso para demonstrar seu poderio econômico.
O esquema de lavagem de dinheiro
Conforme o resultado das investigações até então, o investigado ocultava seus ganhos ilícitos por meio de núcleos, divididos da seguinte forma:
- Núcleo familiar: coordenado pela sua companheira, a qual colocou diversos veículos e imóveis em nome de laranjas, pessoas essas pertencentes à família. Tais pessoas guardariam dinheiro em espécie;
- Núcleo de pessoas da comunidade: coordenado também pela companheira do líder do tráfico, em que pessoas que moram ou moraram na localidade em que o líder da organização exerce sua influência, serviriam de laranjas para titularizarem bens oriundos de capital ilícito;
- Núcleo do litoral: aquisição de automóveis e imóveis, inclusive de pousada no litoral catarinense, por meio de interpostas pessoas, administrados por gerentes e companheira do líder da organização.
A investigação destaca ainda que também os criminosos movimentariam recursos financeiros pelo sistema bancário e em empresas de fachada. Uma das empresas suspeitas, que atuaria no ramo imobiliário, apenas entre os meses de agosto de 2020 a março de 2021, recebeu aproximadamente um milhão e trezentos mil reais em créditos, sendo um milhão em dinheiro em espécie. Mais da metade desse valor foi depositado por membros da facção com base no Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul.
“Importante destacar que os “laranjas” em questão não tem renda declarada compatível para a aquisição dos bens e muitos estão envolvidos diretamente com o tráfico de drogas”, relatou delegado Marcus Viafore.
A investigação
Conforme o delegado Viafore, foram 2 anos de investigação. A investigação teve início no ano de 2021, em virtude de um crime de homicídio tentado perpetrado pelo líder da organização criminosa contra dois indivíduos que agenciavam clientes para escritório de advocacia.
“A razão do crime foi o suposto pagamento a menor feito aos agenciadores por parte do mandante, o qual, cobrado a complementar os valores de pagamento a advogado, decidiu matar os intermediários” disse o delegado Viafore.