PEIC-RS

Número de famílias com contas em atraso cresce no RS

Dados revelam que o cenário de início de ano tem sido desafiador para os orçamentos das famílias gaúchas.

O percentual de Famílias endividadas voltou a subir no Rio Grande do Sul, aponta levantamento realizado pela Fecomércio-RS. Os dados fazem parte da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores gaúchos). Conforme os dados da sondagem apontam que, pelo segundo mês seguido o percentual de famílias endividadas aumentou. O índice atingiu a marca de 93,1%.

A pesquisa também aponta que, há cinco meses, a parcela da renda comprometida com dívidas está acima de 27%. Em março de 2023, o índice estava em 27,5%.  Entre os entrevistados, 22,8% se dizem “muito endividados”. Esse grupo se mantém na casa dos 22,0% há 3 meses.

Os resultados evidenciam que o aumento de endividados tem sido acompanhado por um aumento dos níveis de endividamento das famílias como um todo, o que ajuda também a explicar a dinâmica da inadimplência.

O levantamento rastreou que as contas em atraso se elevaram ainda mais em relação ao mês anterior, atingindo 41,4%. A análise da Fecomércio aponta que esse crescimento é reflexo do contexto inflacionário e, também, do impacto do aumento das taxas de juros que encarecem o crédito as famílias.

“Atualmente temos um percentual elevado de famílias inadimplentes. Isso acende um sinal de alerta para varejistas e prestadores de serviço nas vendas a crédito quando o risco é assumido pelo estabelecimento comercial. É muito importante ao vender a crédito consultar o CPF dos seus clientes a fim de reduzir eventuais perdas. Derivadas da inadimplência. Num cenário de juros altos, uma alta significativa da inadimplência pode ter consequências especialmente danosas ao caixa das empresas”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.

“Esses fatores têm levado a um cenário preocupante para o comércio que passa a enfrentar dificuldades em receber o pagamento de suas vendas e serviços, prejudicando sua capacidade de investimento e crescimento”, afirma o presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Ivonei Pioner.

Por outro lado, o indicador de persistência de contas em atraso registrou a mínima da série histórica a 1,8%. O resultado evidencia o empenho das famílias em honrar ao menos parte de seus compromissos em atraso.

Contudo, a parcela dos que conseguem pagar as dívidas em atraso em sua totalidade vem aumentando. Mais da metade das famílias afirmou que serão capazes de quitar suas dívidas em atraso nos próximos 30 dias (54,8%).

O que tem causado a inadimplência

As principais causas da inadimplência, segundo o estudo, entre os que têm dívidas em atraso foram: diminuição da renda (18%), imprevistos como problemas de saúde, morte, manutenção da casa ou do carro (17%), perda do emprego ou tiveram alguém da família que ficou desempregado (14%), alta dos preços (13%) e a falta de controle financeiro (12%).

A falta de organização financeira também influencia o cenário, uma vez que 25% dos entrevistados admitem que realizaram, no trimestre anterior à pesquisa, alguma compra que sabiam que não conseguiriam pagar; 54% alguma compra que sabiam que seria difícil de pagar; e 41% fizeram compras sem considerar se conseguiriam ou não pagar.

Entre aqueles que ficaram inadimplentes por descontrole financeiro, 36% dizem que queriam muito comprar algo e, se fossem esperar sobrar dinheiro, iria demorar muito para realizarem sua compra. Já 27% não negociaram bem no momento da compra, 25% queriam comprar algo novo para usar em um evento importante de forma a sentirem-se mais valorizados, e 23% estavam tristes e acabaram comprando para se sentirem melhor.