O enfrentamento de uma doença pode se tornar mais leve quando ações de humanização se somam aos cuidados assistenciais dos pacientes.
E é com este objetivo que a equipe de radioterapia do Hospital Santa Rita da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre inclui em sua rotina iniciativas lúdicas e divertidas durante as sessões de tratamento oncológico de crianças e adolescentes.
Quando um novo paciente inicia sua primeira sessão de radioterapia, a equipe logo busca conhecer seus gostos e preferências, como qual é o seu personagem ou super-herói favorito. Tudo para personalizar e humanizar as sessões de radioterapia, que, muitas vezes, podem levar até uma hora de duração e se repetir todos os dias, durante semanas.
Gustavo Cunha Rodrigues, 8 anos, é um dos pacientes da radioterapia da Santa Casa. Há um ano ele foi diagnosticado com leucemia linfática aguda e precisou passar por sessões de radioterapia nas últimas semanas, todos os dias.
Fã do Homem-Aranha desde muito pequeno, a fantasia do super-herói virou seu “uniforme” para enfrentar as 14 sessões de tratamento previstas inicialmente para o combate da doença.
“Desde o início do tratamento, fomos muito claros com ele sobre o que estava acontecendo. Ele é muito curioso, quer saber de tudo e muitas vezes até pesquisa na internet sobre a sua doença. Ele lida com tudo isso com muita força e, não à toa, recebeu o apelido de Super Gugu, o super-herói mais forte que conhecemos, que luta contra os ‘bichinhos do sangue’, como ele costuma dizer”, explica a mãe do Gustavo, Ana Maria da Silva Cunha Rodrigues.
Ela disse que seu filho sempre enfrentou tudo com um sorriso no rosto, mesmo passando por muitos altos e baixos. Sobre a preferência pelo Homem Aranha, Ana Maria conta que este sempre fora o tema de todos os aniversários dele, desde que Gustavo começou a falar.
“Os super-heróis sempre tiveram presentes na vida dele através dos desenhos, e, quando descobrimos a doença, ele se tornou o Super Gugu por lidar com tudo isso com força e coragem. Foi através dos super-heróis que conseguimos tornar as coisas mais leves, trazendo o lúdico para a nossa realidade. Dizemos que o Super Gugu vence uma batalha todos os dias contra os bichinhos no sangue, e que em breve sairá vitorioso da grande guerra.”
Máscara
Pacientes como o Gustavo, que precisam ser submetidos à radioterapia, precisam usar, durante a sessão, uma máscara que reduz a possibilidade de qualquer movimento durante a administração da dose prescrita.
Na Santa Casa, as máscaras utilizadas por suas crianças e adolescentes – que são de uso individual e descartadas após o término de todo o tratamento radioterápico – ganham cores e motivos especiais pelas mãos da técnica em radioterapia Clarice Velasque.
Após participar, há cerca de quatro anos, de uma capacitação no Hospital do Amor, em Barretos (SP), a profissional decidiu implementar na Santa Casa as máscaras de radioterapia personalizadas que ela observou naquela unidade de saúde.
Clarice explica que ficou encantada com o que viu em Barretos, por isso, não pensou duas vezes antes de trazer a iniciativa aos pequenos pacientes da Santa Casa. Ela conta que com o uso da máscara, que traz o super-herói ou princesa favoritos de cada paciente, “as crianças ficam maravilhadas, com ainda mais força e se sentido, de fato, um super-herói ou uma princesa”.
“Através do lúdico, eles perdem o medo. É o máximo ver a reação deles ao receberem as suas máscaras do jeitinho que eles merecem”, completou.
Assim, Gustavo uniu a sua vestimenta de super-herói uma máscara totalmente personalizada do Homem-Aranha, completando seu figurino para o enfrentamento da leucemia.