A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagraram, nesta quinta-feira (16), operação contra um grupo que praticou lavagem de dinheiro a partir de fraudes em processos licitatórios, estelionato e agiotagem. A ação conta com cooperação institucional da CAGE (Contadoria e Auditoria-Geral do Estado).
As ordens judiciais estão sendo cumpridas em Porto Alegre; Xangri-lá, Capão da Canoa e Tramandaí, no Litoral Norte; e Cruz Alta e Tupanciretã, na região Norte do Estado. São 37 mandados de busca e apreensão em imóveis e empresas, buscando indícios de autoria e materialidade dos crimes investigados. a execução da Operação Succedere contou com o suporte de 140 policiais civis em 55 viaturas, 25 agentes e 10 viaturas do Ministério Público e dois auditores da Cage.
A polícia não revela os nomes dos investigados.
A investigação é da Delegacia de Lavagem de Dinheiro do DEIC e da 8ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. Os trabalhos são coordenados pelo delegado Filipe Bringhenti e pela promotora de Justiça Roberta Brenner de Moraes.
O esquema criminoso é considerado altamente sofisticado e permitiu a realização de crimes por mais de uma década. A organização criminosa tem como núcleo uma família, que teria se especializado neste tipo de crime e que constituiu patrimônio às custas dos contribuintes gaúchos.
As empresas do grupo investigado figura como ré em cerca de 11 mil processos judiciais na área trabalhista. A organização criminosa já havia sido investigada por outra fraude, avaliada em R$ 200 milhões, que já foi alvo da Operação Union, em 2021.
Para tornar lícito o dinheiro desviado dos cofres públicos nas licitações, foram feitas diversas artimanhas, segundo a polícia. Na lista estão contas abertas em nome de terceiros – que são chamados de “laranjas” pela polícia –, veículos adquiridos e registrados em nome dos “laranjas” e até imóveis de luxo registrados em nome de pessoas de confiança do grupo criminoso.
A polícia aponta, ainda, que houve diversificação como compra de parte do passe de jogadores de futebol, investimentos na construção civil e até em plantações de soja. Tudo isso para afastar a possibilidade de recuperação por parte do Estado.
Por causa disso, foram solicitadas e deferidas pela Justiça bloqueio de 57 contas judiciais, para reter R$ 565 milhões de reais, além da indisponibilidade de 38 imóveis no valor de R$ 68 milhões. Também foi determinado recolhimento de 28 veículos, avaliados em R$ 4,17 milhões.