A Fecomércio-RS divulgou, nesta quarta-feira (4), a edição de abril da PEIC-RS (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Gaúchos). O resultado apontou um novo recorde de endividamento das famílias. A série histórica teve início em janeiro de 2010 e nesses 12 anos nunca se fez tanto uso do crédito para poder realizar compras no comércio gaúcho.
Para quem recebe até 10 salários mínimos, ou seja 12 mil reais por mês, 97,2% das famílias têm dívidas a saldar. Para aqueles que recebem mais de 10 salários mínimos, o percentual é de menor, mas ainda assim elevado: 93,5%. Quando se compara com abril de 2021, o crescimento do percentual de endividados fica mais evidente: 74,5% de endividamento para famílias de até 10 salários mínimos e de 67,9% para as famílias de renda superior.
O percentual de famílias que se consideram “muito endividadas” também registrou alta. De abril do ano passado para o deste ano, o percentual passou de 11,1% para 23,5%, o que evidencia a importância do uso do crédito em um contexto em que as famílias têm dificuldades de financiar o consumo com a renda corrente.
“É muito importante não confundirmos endividamento com inadimplência. Endividada é toda e qualquer pessoa que faz uso de crédito. Com a popularização dos cartões e a possibilidade de parcelar as compras sem juros, temos um convite ao endividamento, especialmente em um cenário inflacionado como temos atualmente”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
Contas em atraso sobem para quem recebe menos
A pesquisa da Fecomércio também aponta que o “Percentual de Famílias com Contas em Atraso” subiu 37,5%. No mesmo período do ano passado era de 20,9%.
A análise por grupos de renda evidencia que a piora tem ocorrido nas famílias que recebem até 10 salários. Nesse grupo, o salto interanual foi de 23,3% para 44,8%. Nessa mesma comparação, para as famílias de maior renda, houve redução: de 11,9% em abril de 2021 para 8,3% em abril de 2022.
Conforme a pesquisa da Fecomércio, ainda nas contas em atraso, o tempo médio para o pagamento apresentou redução nesse período. Em abril de 2021, a média era de 50,2 dias e passou para 39,6 dias nesta última edição.
“A redução no tempo de pagamento com atraso revela que os indivíduos têm se esforçado para resolver a questão da inadimplência. Isso também é visível no percentual de famílias que não terão condições de quitar suas dívidas dentro dos próximos 30 dias”, complementou Bohn. De acordo com o presidente da Fecomércio, esta edição da PEIC apenas 2,4% das famílias afirmaram que não teriam condições de pagar nenhuma das suas dívidas em atraso nos próximos 30 dias.