EFEITO DAS ENCHENTES

Exportações do RS têm queda de US$ 1,4 bilhão

Valor foi impactado pelos eventos meteorológicos de abril e maio

Imagem de lavoura de soja que utiliza bactérias inteligentes no solo. Foto: Divulgação
Imagem de lavoura de soja que utiliza bactérias inteligentes no solo. Foto: Divulgação

Entre janeiro e agosto de 2024, a soma das exportações do Rio Grande do Sul atingiu a marca de US$ 13,1 bilhões. O valor indica uma diminuição de US$ 1,4 bilhão, em termos absolutos, em relação ao mesmo período do ano passado. 

O DEE (Departamento de Economia e Estatística), que tem vínculo com a SPGG (Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão), divulgou  os dados nesta sexta-feira (27). O levantamento associa a queda nas exportações, principalmente, às consequências dos eventos meteorológicos que atingiram o RS em abril e maio.

Quanto aos produtos, o RS exportou principalmente soja em grão (US$ 2,2 bilhões), fumo não manufaturado (US$ 1,5 bilhão), farelo de soja (US$ 957,4 milhões), carne de frango (US$ 807,9 milhões), cereais (US$ 775,3 milhões) e celulose (US$ 703,7 milhões). 

Com o resultado, o RS passou do sexto para o sétimo lugar no ranking dos principais exportadores do país. Dessa forma, ficou atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Pará. A participação relativa do RS diminuiu de 6,5% para 5,9%. 

Destaques das exportações

Os produtos que apresentaram as maiores reduções absolutas nas exportações do Estado foram cereais (menos US$ 402,7 milhões; -34,2%), farelo de soja (menos US$ 279,3 milhões; -22,6%) e óleo de soja (menos US$ 215,8 milhões; -52,9%). E, além disso, carne de frango, bombas, centrífugas, compressores de ar, ventiladores, exaustores, aparelhos de filtrar ou depurar e suas partes, partes e acessórios dos veículos automotivos e tratores agrícolas. 

Em oposição à queda nas exportações totais do RS no período, destaca-se ainda o avanço da soja em grão (mais US$ 173,1 milhões; 8,6%).

Principais destinos 

Entre janeiro e agosto, o Rio Grande do Sul exportou para 187 destinos. A China, mais uma vez, manteve-se como o principal comprador, com o percentual de 23,7% do total das exportações. Completam o ranking União Europeia (13,4%), Estados Unidos (9,2%), Argentina (4,9%) e Vietnã (3,3%). 

Assim, os destinos que apresentaram a maior alta nos primeiros oito meses do ano foram Filipinas (mais US$ 177,8 milhões; 370,3%) Irã (mais US$ 176,5 milhões; 144,2%) e China (mais US$ 83,8 milhões; 2,8%). Em contrapartida, os destinos onde houve maior queda de desempenho das exportações gaúchas foram União Europeia, Indonésia, México, Arábia Saudita, Argentina e Estados Unidos.   

Conjuntura  

Uma das perspectivas trazidas pelo estudo do DEE é o impacto da aprovação do PL 528/2020. Popularmente ele é conhecido como “projeto combustíveis do futuro”, para a economia estadual. O documento estipula, por fim, condições para assegurar uma demanda cativa de biocombustíveis como biodiesel, biometano, HVO (diesel verde renovável) e SAF (combustível sustentável de aviação) em território nacional.

“É muito importante observarmos essa medida, uma vez que o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de soja no Brasil, além de ser o principal Estado na produção de biodiesel, com nove usinas instaladas”, destacou Leães. “O Rio Grande do Sul foi pioneiro na produção de biodiesel no país e, em 2023, foi responsável por 46,1% das exportações brasileiras do produto.”  

Conforme o governo, o incentivo à produção do biodiesel, portanto, pode estimular a soja esmagada dentro do RS. O que pode diminuir o percentual de grão de soja destinado à exportação. Entretanto, o documento do DEE frisa que isso ocorrerá apenas se os exportadores de soja considerarem que o retorno com a produção de biodiesel para o mercado interno supera os ganhos com as vendas externas.