Uma data pouco divulgada: 28 de abril é Dia da Educação. Uma pesquisa de opinião, que ouviu professores da rede pública do estado do Rio Grande do Sul, revela que 37% dos docentes têm como principal desafio o desinteresse do estudante na rotina escolar.
O levantamento foi encomendado ao Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) em parceria entre o Itaú Social, Todos Pela Educação, Instituto Península e Profissão Docente e ouviu 6.775 professores de escolas de ensino regular da rede pública (municipal e estadual) de todo o Brasil.
Entre os destaques, o estudo explorou as prioridades das secretarias de educação na visão dos professores, além de dados sobre a progressão de carreira e a percepção sobre a profissão.
O segundo maior desafio em sala de aula, na visão dos professores, é a defasagem nas aprendizagens dos estudantes (30%), o que pode ter sido agravada pela pandemia de covid-19. A indisciplina dos alunos é o terceiro elemento mais mencionado por professores gaúchos, com 14% dos apontamentos.
Como resposta a essas questões, ainda apontaram quais seriam as prioridades que as secretarias de Educação devem adotar nos próximos anos, sendo as cinco primeiras: o aumento do salário dos professores (32%); a oferta de apoio psicológico a professores e estudantes (19%); a promoção de programas de reforço e recuperação (17%); a promoção do envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (10%); e a melhoria da infraestrutura escolar (8%).
Trajetória profissional
O levantamento de opinião revelou que 11% concordam totalmente que os atuais cursos de graduação de Pedagogia e licenciaturas estão preparando bem os docentes para o início da profissão, sendo que, na média nacional, o percentual de docentes que têm essa afirmação é de 19%.
Os cursos presenciais formam docentes mais preparados de acordo com 83% dos entrevistados. Apesar dessa visão, seis a cada 10 professores (61%) graduados no Estado em 2020 estudaram a distância.
Além disso, 56% afirmam não terem recebido orientação específica em seu primeiro ano de docência, quando estudos demonstram que a curva de aprendizagem é muito mais alta nos cinco primeiros anos de prática.
Percepções
Apenas 4% dos entrevistados concordam (2% totalmente e 2% em parte) que, no Brasil, os professores são tão valorizados quanto médicos, engenheiros e advogados. A grande maioria dos docentes (91%), sinalizam que gostariam de participar mais do desenho de políticas e programas educacionais de sua rede de ensino.
Apesar da baixa valorização e dos desafios da carreira, oito em cada 10 entrevistados concordam que, se pudesse decidir novamente, ainda escolheria ser professor. Além disso, 86% afirmam totalmente que a maior satisfação na profissão é quando percebem que os alunos estão aprendendo.
Progressão da carreira
94% dos docentes concordam (65% totalmente e 29% em parte) que a progressão na carreira deve vir por meio da melhoria da prática pedagógica.
Em outras palavras, esses profissionais acreditam que professores que conseguem garantir melhores condições de aprendizagem para os estudantes devem avançar mais rápido na carreira. 58% discordam de que seus planos de carreira atendem suas expectativas de crescimento profissional. Hoje, em geral, professores avançam na carreira por titulação e tempo de serviço.